Motoboy e homem de 72 anos podem ser indiciados por lesão corporal após confronto em Porto Alegre

A Polícia Civil em Porto Alegre (RS) está conduzindo uma investigação que pode resultar em um possível indiciamento de Sérgio Camargo Kupstaitis, de 72 anos, e do motoboy Everton Henrique Goandete da Silva, de 40 anos, por lesão corporal. Os dois foram detidos no sábado (17) após Sérgio atacar Everton com uma faca em uma rua no bairro Rio Branco. O caso está sendo tratado pela 3ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, e a Corregedoria da Brigada Militar também está apurando a atuação dos policiais que atenderam a ocorrência.

De acordo com testemunhas, Everton estava em frente a uma banca junto com outros motociclistas no sábado e foi surpreendido com o ataque de Sérgio, que mora em um prédio próximo. Everton conseguiu escapar dos golpes e teve apenas ferimentos superficiais. Após o ataque, uma equipe do 9º Batalhão da Brigada Militar chegou ao local e algemou o motoboy, que é um homem negro, enquanto o autor do ataque seguiu no banco de trás de outro veículo. Essa situação foi registrada em vídeo por pessoas na rua, que apontaram racismo e abuso das autoridades.

O advogado de Everton classificou o possível indiciamento do motoboy como lamentável e defendeu que Sérgio seja indiciado por tentativa de homicídio. O advogado também afirmou que a abordagem policial foi “ríspida, inadequada, violenta, racial, que tratou um homem branco de uma forma e um homem negro de outra”.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), determinou a abertura de uma sindicância na Corregedoria da Brigada Militar para apurar as circunstâncias da ocorrência. Ministros e representantes de órgãos de direitos humanos e igualdade racial também se pronunciaram sobre o caso, apontando como exemplo de racismo institucional no país.

A Defensoria Pública gaúcha informou que está apurando o caso e propôs à Brigada Militar um curso de capacitação em relações raciais. O presidente da OAB no Rio Grande do Sul afirmou que a entidade irá acompanhar a apuração dos fatos na Brigada Militar.

Até o momento, a investigação da Polícia Civil ainda está em andamento, e novas oitivas foram realizadas nesta segunda-feira. O caso segue gerando repercussão e levantando questões sobre abordagens policiais e possíveis práticas de discriminação racial.

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