Natural da comunidade Saco do Curtume, no Piauí, Bispo se destacou nos movimentos sociais na década de 1990, filiando-se a partidos políticos, mas posteriormente abandonando essa associação para se dedicar à defesa dos povos quilombolas. Atuou em organizações como a Conaq (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas) e em movimentos sociais do Piauí.
Em seu novo livro “A Terra Dá, A Terra Quer”, Bispo fazia uma comparação entre o modo de vida dos quilombos e o da sociedade nacional, propondo também um novo modo de viver, a contracolonização, em resposta a problemas atuais ligados à ecologia, ao clima, ao trabalho e à alimentação.
O autor também propunha o que chamava de contracolonialismo, a recusa de um povo à colonização, o que, segundo ele, é praticado há séculos por africanos, indígenas e quilombolas. Em entrevista à Folha, Bispo chegou a dizer que não via diferença entre a esquerda e a direita na relação com os quilombolas, afirmando que “a direita e a esquerda são maquinistas que dirigem o mesmo trem colonialista. Escolher o vagão permite decidir os passageiros com quem você vai viajar. Mas a viagem é a mesma, vai para o mesmo caminho”.
O filósofo passou mal durante a tarde e foi levado ao Hospital Estadual Teresinha Nunes de Barros, localizado na cidade de São João do Piauí, mas não resistiu a duas paradas cardíacas. A causa de sua morte ainda não foi revelada.
A morte de Antônio Bispo dos Santos representa uma perda significativa para a comunidade quilombola e para os movimentos sociais que ele tão ativamente defendeu ao longo de sua vida. Seu legado e suas ideias continuarão a inspirar e influenciar aqueles que lutam pela justiça social e pela valorização das tradições quilombolas.