Repórter São Paulo – SP – Brasil

Morre Antônio Bispo dos Santos, referência da luta quilombola no Brasil e autor de obras sobre a cultura afro-quilombola

O Brasil perdeu, neste domingo, 03, uma das mais importantes referências da luta quilombola no país: o escritor e ativista Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nego Bispo. A notícia foi confirmada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq).

Nascido em 1959, no Vale do Rio Berlengas, Piauí, Nego Bispo era integrante do quilombo Saco-Curtume, localizado no município de São João do Piauí. A causa da morte do líder quilombola ainda não foi divulgada, mas é sabido que ele enfrentava problemas de saúde devido à diabetes.

Além de atuar como ativista e defensor das comunidades quilombolas, Nego Bispo era autor de artigos, poemas e dois livros: “Quilombos, modos e significados” (2007) e “Colonização, Quilombos: modos e significados” (2015). Em suas obras, ele apresentava uma visão afro-quilombola e anticolonial, analisando as desigualdades do país a partir das experiências e concepções das comunidades quilombolas e dos movimentos sociais de luta pela terra.

Em nota divulgada pela Conaq, foi ressaltada a importância da contribuição de Nego Bispo para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola, que será lembrada e reverenciada por gerações. Além disso, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também lamentou a perda nas redes sociais, destacando o legado do pensador para o pensamento negro brasileiro.

Neste contexto, é importante ressaltar que Nego Bispo deixou um alerta sobre a importância de voltar as pesquisas para as histórias de resistência e vitórias das populações negras no Brasil, ao invés de concentrar nas violências sofridas ao longo da história. Ele evidenciou a necessidade de falar sobre as conquistas e não apenas sobre as derrotas.

Em agosto deste ano, Nego Bispo concedeu uma entrevista para ECOA, na qual abordou questões relativas à sociedade colonialista e enfatizou sua visão sobre a necessidade de explorar novas formas de convivência no mundo. Com a morte de Nego Bispo, o Brasil perde não só um grande pensador, mas também uma voz ativa na luta por igualdade e justiça para as comunidades quilombolas.

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