As tensões diplomáticas entre países atingiram um novo patamar com a dificuldade em encontrar soluções para questões globais no Conselho de Segurança da ONU. O terceiro ano do conflito entre Rússia e Ucrânia, assim como a situação entre Israel e o Hamas em Gaza, tem mostrado que as atuais instituições mundiais já não conseguem responder de forma eficaz a essas questões.
A Organização Mundial de Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) são frequentemente dominados por um pequeno grupo de países que não representam as economias de maior peso e tampouco atendem às demandas das nações em desenvolvimento.
Esses desafios serão discutidos em detalhe ao longo do segundo dia do encontro do G20. O primeiro dia já serviu como um forte exemplo de que as instituições, do jeito que estão configuradas, já não funcionam para lidar com questões globais. Diante dessa realidade, o governo brasileiro aposta em uma necessária reforma das instituições que atualmente regem as relações globais.
A crise diplomática entre Brasil e Israel vem apenas agravar esse cenário. O presidente Lula foi declarado “persona non grata” pelo governo israelense após críticas à ofensiva em Gaza. O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido também foi alvo dessa medida pela Argentina. E o chanceler russo chega ao Brasil em meio à guerra com a Ucrânia e à morte não elucidada do opositor Alexei Navalny na prisão.
Nesse contexto conturbado, foi confirmada a realização de uma segunda reunião de chanceleres do G20, à margem da Assembleia-Geral da ONU em setembro. A presidência brasileira do grupo visa, com essa iniciativa, aproximar as discussões no âmbito da ONU e do G20, avançando rumo a uma reforma mais ampla das instituições da governança global.
Durante a reunião do G20, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, adotou uma postura dura em resposta às críticas do governo israelense. Vieira reagiu de maneira contundente e acusou o ministro Israel Katz de distorcer posições do Brasil para tirar proveito em política doméstica. Ressaltou que o Brasil não entrará nesse jogo e continuará lutando pela proteção das vidas inocentes em risco diante do deslocamento forçado e punição coletiva da população palestina em Gaza.
O governo brasileiro, ao patrocinar esse encontro e adotar essa postura forte, busca enfatizar a necessidade de uma atuação mais proativa na busca por soluções globais, dando um claro recado sobre a importância da reforma das instituições que regem as relações internacionais.”