Ministério Público da Guatemala apreende atas de votação em meio a críticas internacionais

Neste sábado (30), o Ministério Público da Guatemala realizou uma operação de busca e apreensão no Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), onde foram confiscadas atas com informações sobre os votos dados pela população nas eleições de junho. A ação foi bastante criticada pela comunidade internacional.

Durante a operação, a juíza Blanca Alfaro relatou aos jornalistas que todas as caixas com os resultados foram levadas, afirmando que o TSE não é mais responsável por nenhuma ata. Momentos de tensão ocorreram no local, com confronto e discussão entre juízes, policiais e promotores. As atas apreendidas continham os votos dados nas eleições gerais de junho, onde o social-democrata Bernardo Arévalo surpreendeu ao avançar para o segundo turno presidencial e vencer em agosto.

Arévalo acusa o Ministério Público de estar realizando um “golpe de estado em curso” para evitar que ele assuma a presidência em janeiro próximo. A Procuradoria Especial Contra a Impunidade, liderada pelo procurador Rafael Curruchiche, iniciou a operação alegando supostas irregularidades no processo eleitoral.

A operação foi duramente criticada pelo chefe da diplomacia dos Estados Unidos para a América Latina, Brian Nichols, que afirmou que exigirá prestação de contas daqueles que participam de ações para minar a transição democrática do presidente eleito. A missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) também condenou as ações contra o tribunal eleitoral, classificando-as como um exemplo vergonhoso para o continente.

Esta não é a primeira vez que a Procuradoria interfere nas eleições guatemaltecas. Há duas semanas, eles invadiram um centro de votação e abriram 160 caixas com votos do primeiro turno, após o TSE se recusar a fazê-lo. Tal ato é ilegal de acordo com a Lei Eleitoral guatemalteca, que estabelece que apenas os cidadãos voluntários das juntas receptoras de votos podem contar as cédulas.

A procuradora-geral da República, Consuelo Porras, o juiz Freddy Orellana e o procurador Rafael Curruchiche lideram este processo, sendo que todos eles estão proibidos de entrar nos Estados Unidos por integrarem a chamada Lista Engel. Essa lista é composta por “atores corruptos e antidemocráticos” da América Central, de acordo com o Departamento de Estado americano.

Bernardo Arévalo, eleito democraticamente, pediu a renúncia desses três membros da Procuradoria e apresentou uma queixa-crime contra Curruchiche e Cinthia Monterroso, também da mesma procuradoria. Além disso, solicitou a retirada da imunidade de Porras e Orellana, a fim de que possam ser investigados por crimes como violação da Constituição e abuso de autoridade para fins eleitorais.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo