Comparado ao ano de 2022, houve um aumento na quantidade de óbitos, uma vez que, naquele ano, foram apontadas 343 mortes. Contudo, é importante ressaltar que os profissionais de saúde não comparam os dois anos devido à alta subnotificação de casos no último ano do governo Jair Bolsonaro (PL).
A emergência em saúde pública, declarada em 20 de janeiro de 2023, resultou em uma maior presença de profissionais no território, o que facilitou a identificação de casos. No entanto, apesar disso, o número elevado de mortes, a persistência dos casos de desnutrição grave e a explosão de casos de malária dimensionam a gravidade e a persistência da crise humanitária enfrentada pelos yanomamis.
De acordo com os dados sistematizados, 345 óbitos foram registrados na terra indígena em 2023. No entanto, estes dados estão incompletos e o Ministério da Saúde planeja publicar um boletim com a atualização do detalhamento das mortes e incidências de doenças no território.
Um inquérito em saúde indígena está sendo conduzido pela Sesai e IBGE e os números dos anos anteriores, incluindo 2023, podem sofrer alterações. O secretário de Saúde Indígena afirmou que o território conta hoje com 40% a mais de profissionais de saúde em comparação com 2022, porém, o atendimento de saúde ainda não chega a algumas comunidades devido à permanência da exploração ilegal de ouro e a ausência de segurança mínima para as equipes de saúde.
A crise humanitária dos yanomamis é agravada pela invasão de garimpeiros em seu território. O governo Lula iniciou uma operação para retirada dos invasores, porém, a partir de setembro, ações de fiscalização foram abandonadas, permitindo um novo avanço da exploração ilegal de ouro.
Para mitigar a situação, o governo federal anunciou a presença de uma “casa de governo” em Roraima para definir as ações na terra yanomami e a instalação de três bases de vigilância no território, com gastos previstos de R$ 1,2 bilhão. A saúde e a segurança dos yanomamis em meio a essa crise humanitária demandam uma atenção urgente por parte das autoridades governamentais e da sociedade como um todo.