Repórter São Paulo – SP – Brasil

Ministério da Educação do Paraguai lança novo currículo nacional para educação sexual em meio a polêmica e resistência.

O Ministério da Educação do Paraguai causou polêmica ao lançar um novo currículo nacional para educação sexual intitulado 12 Ciências da Educação em Sexualidade e Afetividade. O manual, que será testado em cinco regiões antes de sua implementação em todo o país, defende a abstinência sexual, descreve o sexo como uma “invenção de Deus para pessoas casadas” e alerta sobre a suposta ineficácia dos preservativos, além de não abordar a orientação ou identidade sexual.

Críticos do material afirmam que ele perpetua estereótipos tradicionais e sexistas prejudiciais à sociedade. O projeto foi amplamente apoiado por grupos conservadores e religiosos no Paraguai, refletindo o forte conservadorismo nos costumes do país. A influência da tradição judaico-cristã foi destacada por defensores do currículo, como Miguel Ortigoza, pastor evangélico, que ressaltou a resistência feroz a tudo que vá contra os princípios religiosos.

O Paraguai, com mais de 90% da população católica, apresenta a maior taxa de gravidez na adolescência da América do Sul. Uma ex-grávida adolescente, Diana Zalazar, compartilhou sua experiência, enfatizando a importância da educação sexual para prevenir casos como o dela. A ausência de políticas educacionais adequadas foi apontada como determinante para sua situação.

No Congresso, o novo currículo enfrenta oposição significativa. A senadora Esperanza Martínez criticou o manual, considerando-o uma afronta à ciência e um retrocesso na educação. A preocupação é que o material promova normas tradicionais de gênero e desencoraje a contracepção, o que poderia prejudicar a compreensão dos jovens sobre sexualidade e saúde.

O Ministro da Educação, Luis Fernando Ramirez, buscou minimizar a controvérsia, assegurando que ajustes ainda podem ser feitos no currículo antes de sua implementação completa. A introdução do novo currículo ocorre em um contexto de crescente polarização sobre questões sociais no Paraguai, que já possui leis de aborto extremamente restritivas. O debate sobre o currículo também aborda questões mais amplas relacionadas à influência estrangeira e ao conservadorismo da sociedade paraguaia.

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