Repórter São Paulo – SP – Brasil

Microdoses de Ayahuasca: A Promessa de Bem-Estar e Autoconhecimento em Frascos Controversos

A microdosagem de ayahuasca é um conhecimento indígena milenar que tem sido ressignificado e popularizado nos últimos anos como uma alternativa terapêutica para combater a depressão, ansiedade, insônia e ampliar o autoconhecimento. Os vendedores dessas microdoses prometem benefícios cognitivos sem a experiência completa do psicodélico, atraindo principalmente trabalhadores do Vale do Silício, nos Estados Unidos, em busca de maior criatividade e sociabilidade.

No Brasil, a prática da microdosagem foi ampliada para o chá de ayahuasca, uma mistura de duas plantas amazônicas utilizada em rituais realizados em grupo por xamãs indígenas ou líderes religiosos. Essa tradição, que remonta a 5.000 anos, faz parte de rituais religiosos como Santo Daime, União do Vegetal e Barquinha.

Os relatos de quem experimenta a microdosagem de ayahuasca incluem uma expansão de consciência e uma sensação de “miração” ou “entrar na força”. Profissionais, como a relações públicas Anne Elisabete Brito, relatam benefícios como maior presença no tempo presente e melhoria no acompanhamento das mudanças da vida.

Apesar dos possíveis benefícios relatados, especialistas alertam para os riscos da falta de regulamentação e controle de qualidade, uma vez que as microdoses de ayahuasca são proibidas pela Anvisa. O pesquisador Luís Fernando Tófoli destaca a falta de estudos científicos que comprovem os benefícios terapêuticos da microdosagem em comparação ao efeito placebo.

Os líderes religiosos também se mostram céticos em relação às microdoses, citando a importância do contexto ritualístico e comunitário na experiência com a ayahuasca. Os indígenas, detentores da medicina tradicional, expressam preocupação com a popularização desse conhecimento e a utilização inadequada da ayahuasca.

Diante das resoluções da Anvisa proibindo a comercialização, distribuição e uso das microdoses de ayahuasca, fica claro que o debate sobre essa prática continua em aberto, envolvendo questões culturais, religiosas, terapêuticas e regulatórias. A popularização desse conhecimento milenar requer cuidado e reflexão para garantir seu uso seguro e respeitoso.

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