Membros da Opep+ concordam em cortes voluntários de produção de petróleo para fortalecer o mercado, mas hegemonia do grupo é questionada

Os membros da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) chegaram a um acordo para implementar cortes voluntários adicionais na produção de petróleo, em uma tentativa de fortalecer o mercado. A decisão é uma resposta à preocupante situação da economia global e ao aumento do fornecimento de produtores concorrentes, que têm impactado os preços da commodity.

A Arábia Saudita se comprometeu a prolongar o corte voluntário existente de 1 milhão de barris por dia até o final do primeiro trimestre, enquanto a Rússia anunciou que aprofundaria sua redução voluntária de exportação existente para 500 mil barris diários. Com essas medidas, o grupo busca reduzir o impacto da economia global vacilante e do aumento do fornecimento de outros produtores no mercado de petróleo.

No entanto, a incerteza sobre os cortes adicionais alimentou a ansiedade do mercado, que teme que tensões estejam surgindo na coalizão Opep+ mais de um ano após o início da redução da produção, com efeito limitado até o momento nos preços.

A reunião da Opep+ foi inicialmente adiada a partir de domingo e transferida para o formato virtual, em vez de ter ministros se encontrando pessoalmente em Viena, na sede da organização. O petróleo Brent, referência internacional, inicialmente subiu com a notícia dos cortes, mas depois reverteu para operar em queda, com o contrato para entrega em fevereiro perdendo mais de 2%.

Os operadores afirmaram que o mercado estava perdendo confiança na capacidade da Opep+ de fortalecer um preço abalado pelas expectativas de crescimento relativamente fraco da demanda no próximo ano e pelo aumento do fornecimento alternativo. No entanto, analistas acreditam que, se todos os cortes prometidos forem realizados, o fornecimento se ajustará significativamente no primeiro trimestre do próximo ano.

A decisão de cortes voluntários tem como objetivo aumentar os preços do petróleo, que caíram nos últimos meses, em meio às tensões no Oriente Médio intensificadas pela guerra entre Israel e Hamas. A Arábia Saudita, que precisa de um preço do petróleo mais próximo de US$ 100 por barril para financiar seu ambicioso programa de reforma econômica, tem enfrentado resistência da Casa Branca devido aos temores de impacto na inflação.

Além disso, o adiamento da reunião teve motivação nas conversas com membros africanos, incluindo Angola e Nigéria, que se opuseram às tentativas de limitar sua produção enquanto tentam reviver seus setores de petróleo após anos de subinvestimento e má gestão. A Opep anunciou que esses países tiveram suas linhas de base de produção reduzidas, mas nenhum membro da África subsaariana ofereceu cortes voluntários adicionais.

Com o anúncio desses cortes, o mercado aguarda para ver se a Opep+ será capaz de cumprir as promessas e promover o ajuste necessário no mercado de petróleo. A falta de clareza sobre os cortes anunciados como ‘voluntários’ também tem gerado incerteza sobre seu impacto no mercado. A situação continua a ser acompanhada de perto por analistas e investidores, que acompanham de perto o comportamento dos preços do petróleo nos próximos meses.

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