Marcha do Silêncio: Familiares exigem justiça para os 197 desaparecidos atribuídos ao Estado uruguaio durante a ditadura civil-militar.

Na última quinta-feira, uma manifestação reuniu cerca de 197 pessoas em Montevidéu para exigir justiça e esclarecimento sobre os desaparecimentos ocorridos no Uruguai durante o período entre 1968 e 1985. Os registros oficiais contabilizam o desaparecimento de quase 200 pessoas em ações atribuídas ao Estado uruguaio, a maioria delas detidas na Argentina em colaboração com o Plano Condor, que uniu os regimes militares da região.

A porta-voz da associação de Mães e Familiares de Uruguaios Detidos Desaparecidos, Alba González, denunciou as atrocidades cometidas pelas Forças Armadas, que sequestraram, torturaram e assassinaram inúmeras pessoas durante esse período sombrio da história do país. Ela ressaltou a importância de se obter a verdade sobre o paradeiro dos entes queridos e exigiu que as autoridades mostrem “vontade política” para esclarecer os fatos.

A Marcha do Silêncio, realizada anualmente em 20 de maio, tem como objetivo homenagear as vítimas do regime e chamar atenção para a necessidade de justiça e memória. Neste ano, a Instituição Nacional de Direitos Humanos e Defensoria do Povo expressou esperança de que em breve novas informações possam ser divulgadas sobre a identidade de uma mulher encontrada enterrada no Batalhão de Infantaria 14, que se acredita ser uma das detidas desaparecidas.

O ex-presidente uruguaio José Mujica, que participou da luta armada contra as ditaduras nos anos 1960 e 1970 e passou 12 anos preso, marcou presença na manifestação, porém não pôde caminhar devido ao tratamento contra o câncer de esôfago que enfrenta. Sua presença simbólica representou a luta pela verdade e justiça em relação aos crimes cometidos durante a ditadura civil-militar no Uruguai.

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