Os manifestantes também clamaram por uma intervenção militar, usando o termo “neologismo covarde para golpe”, que ecoava as palavras de seus líderes. Em entrevista à jornalista Leda Nagle, o deputado Eduardo Bolsonaro foi enfático ao afirmar que, em caso de radicalização da esquerda, o governo poderia dar uma resposta que incluiria um novo AI-5, embora tenha negado ter feito tal declaração mais tarde.
Além disso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, alertou que não seria surpreendente se alguém pedisse o AI-5. Essas declarações deixaram claro que o presidente Jair Bolsonaro não tinha intenção de deixar o poder, mesmo em caso de derrota eleitoral, o que se concretizou em outubro de 2018.
Com o passar do tempo, os sinais se tornaram cada vez mais evidentes, culminando em tentativas de impedir eleitores petistas de chegar às urnas no segundo turno, bloqueio de rodovias em todo o país em defesa de um golpe, acampamentos golpistas em frente a quartéis, tentativas de cooptação dos comandantes das Forças Armadas para impedir a posse de Lula, atos de vandalismo e depredação de sedes dos Três Poderes.
Diante de todos esses acontecimentos, fica claro que o país estava enfrentando um ambiente político conturbado e marcado por tensões, com reflexos nas ruas e nas instituições democráticas. Essa realidade, por mais difícil que seja, não pode ser mascarada com a desculpa do medo de um suposto retorno da esquerda ao poder. Medidas e discursos como esses, que flertam com a ameaça à ordem democrática, só servem para aprofundar a crise política e institucional que o Brasil enfrenta. E, sem dúvida, a história ainda está sendo escrita, com desdobramentos imprevisíveis para o futuro.