Repórter São Paulo – SP – Brasil

Mancha de poluição no Rio Tietê aumenta em São Paulo, revela projeto Observando os Rios em aniversário de 30 anos

Os rios da Mata Atlântica são verdadeiros tesouros naturais, fundamentais para a vida de diversas espécies e para a economia do Brasil. No entanto, esses corpos d’água enfrentam sérios desafios que comprometem a sua qualidade e o bem-estar de milhões de pessoas.

Um projeto importante que vem se destacando na mobilização e na educação ambiental no país é o Observando os Rios, que está completando 30 anos em 2023. Com mais de 2.700 voluntários e 250 grupos de monitoramento, o projeto abrange 125 municípios e 232 rios na Mata Atlântica, em todo o território nacional.

Neste ano, foi constatado um aumento na mancha de poluição do rio Tietê, o maior de São Paulo. Atualmente, a água do rio está imprópria para usos múltiplos em um trecho de 160 quilômetros, um aumento de 31% em relação ao ano passado.

Apesar de investimentos já terem sido feitos no Projeto de Despoluição do Tietê desde a década de 1990, resultando em uma diminuição considerável da mancha de poluição, ainda há muito a ser feito. A cada tonelada de esgoto tratado na Região Metropolitana de São Paulo, quilômetros de rio são recuperados.

Os indicadores mostram que a qualidade da água na bacia do Tietê tem apresentado uma tendência de estabilidade com pequenas melhorias. No entanto, a situação ainda é preocupante, com quase um terço dos pontos de amostragem apresentando água de qualidade ruim ou péssima. A legislação que trata da qualidade da água no Brasil precisa ser atualizada, erradicando a classificação de rios como classe 4, que permite a presença de poluentes.

Além dos problemas causados pela poluição, eventos climáticos extremos, como chuvas intensas e períodos de seca, também impactam a hidrodinâmica da bacia do Tietê, agravando a degradação do rio.

Para reverter esse quadro, é necessário investir em programas de saneamento ambiental bem planejados, com a participação ativa da população, transparência, investimentos e aprimoramento legal e tecnológico. A universalização do tratamento de esgoto até 2033, como planejado, é essencial, assim como o planejamento do uso da terra, políticas habitacionais abrangentes e restauração de matas ciliares. A proteção das florestas e ecossistemas da Mata Atlântica é crucial para garantir a qualidade da água.

A gestão integrada da água e o reconhecimento do acesso à água potável como um direito fundamental dos cidadãos também são medidas necessárias. É fundamental que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 06/2021, que trata desse assunto, seja aprovada.

A qualidade da água nos rios da Mata Atlântica reflete a responsabilidade socioambiental que temos com esses recursos naturais. É imprescindível agir de maneira determinada e colaborativa, envolvendo governos, comunidades e setor privado, para recuperar e proteger esses rios e garantir um futuro mais saudável e sustentável para todos.

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