Os cientistas usaram uma combinação de técnicas, incluindo acelerometria, medições eletrofisiológicas e metabólicas para rastrear os movimentos de cerca de 450 desses animais e quantificar quanto eles dormiam. Eles descobriram que os machos perdem horas de sono durante o acasalamento, chegando a dormir até metade do tempo normal.
Erika Zaid, pesquisadora participante do estudo, ressalta que, em seres humanos e em outros animais, restringir a quantidade normal de sono leva a um desempenho inferior quando se está acordado, o que pode piorar a longo prazo. No entanto, os antechinus parecem aceitar a inconveniência de ficarem acordados para aumentar as chances de reprodução.
Além disso, os machos competem pelo maior número de fêmeas durante a época de acasalamento, chegando a ter relações sexuais com até 14 pares diferentes. No entanto, todo esse esforço tem consequências: após o período de acasalamento, os machos desenvolvem lesões na pele, perda de pêlo e diminuição do desempenho quando acordados. Alguns chegam até a morrer.
A morte dos machos tem outra função: os filhotes e as fêmeas usam os restos mortais dos machos como fonte de alimento. No entanto, os pesquisadores não acreditam que a morte após o acasalamento se deva apenas à perda de sono, já que apenas dois dos dez machos morreram logo depois do acasalamento.
Os cientistas também querem saber mais sobre como os antechinus lidam com a perda de sono, que pode chegar a um nível que faria com que os humanos agissem como se estivessem intoxicados ou drogados. Em estudos futuros, a equipe espera descobrir se esses animais são mais resistentes ao sono do que os humanos ou se eles “simplesmente continuam” instintivamente.
Assim, a descoberta reforça a ideia de que os animais selvagens têm comportamentos estranhos e extremos em prol da reprodução. A pesquisa abre novos caminhos para entender as adaptações que as diferentes espécies desenvolvem para garantir a sobrevivência e a perpetuação de suas linhagens.