Lula sanciona lei “Não é Não” para combater violência e assédio sexual contra mulheres em espaços públicos, mas exclui eventos religiosos.

No dia 29 de dezembro, o presidente Lula sancionou a lei do protocolo “Não é Não” (lei 14.786/2023), que combate violência e assédio sexual contra mulheres em espaços públicos. A importância desse tipo de legislação não pode ser subestimada, uma vez que quase 51 mil mulheres foram vítimas de violência diária em 2022. Dados alarmantes da pesquisa “Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil” revelam um aumento em todas as formas de violência contra as mulheres em 2023.

Além disso, a pesquisa identificou os grupos mais vulneráveis, incluindo mulheres pretas, com baixa escolaridade, mães solteiras, divorciadas e na faixa etária de 25 a 34 anos. Trans e travestis também são vítimas recorrentes de violência, como demonstrado pelo caso de uma mulher cisgênera agredida e confundida com uma mulher trans em um banheiro em Recife.

No entanto, apesar dos avanços trazidos pela lei “Não é Não”, alguns aspectos merecem ser questionados. Por exemplo, a exclusão de eventos religiosos da aplicação da lei levanta preocupações sobre uma possível aceitação do assédio em espaços religiosos. O presidente Lula foi elogiado por vetar a proibição de recursos a iniciativas LGBTQIA+ na Lei de Diretrizes Orçamentárias, mas deveria ter vetado também esse dispositivo que exclui os eventos religiosos.

A hipocrisia dos defensores da religião que defendem a permissão de assédio em espaços religiosos é evidente, e a ideia de estabelecer espaços privados onde ilegalidades são permitidas é inaceitável. A atitude do presidente Lula, neste contexto, deixa questionamentos sobre os critérios adotados para a exclusão dos eventos religiosos da aplicação da lei.

Em suma, a sanção da lei “Não é Não” representa um avanço no combate à violência e ao assédio sexual contra as mulheres, mas é necessário analisar e questionar as lacunas e exclusões presentes na legislação. A proteção e segurança das mulheres deve ser prioridade em todos os espaços, sem exceções. O debate em torno dessas questões continua e precisa ser ampliado para garantir que todas as mulheres sejam protegidas.

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