Repórter São Paulo – SP – Brasil

Lula critica Maduro e causa constrangimento ao admitir “viés autoritário” na Venezuela, mas resiste em chamar de ditadura em declaração controversa.

Em meio a uma crise política e eleitoral na Venezuela, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se vê numa situação constrangedora ao comentar sobre o regime de Nicolás Maduro. Na semana passada, em declarações surpreendentes, Lula admitiu que a Venezuela vive sob um “regime muito desagradável” e reconheceu que Maduro adquiriu um “viés autoritário”. No entanto, o líder petista ressaltou que o país vizinho “ainda não é uma ditadura”.

Para muitos analistas, Lula demonstra estar preso a vícios ideológicos do passado ao insistir em não classificar o governo de Maduro como uma ditadura. Seus conceitos parecem não se aplicar de forma coerente à conjuntura política brasileira, especialmente diante da ascensão do presidente Jair Bolsonaro, que é declaradamente um admirador da ditadura militar. Nesse contexto, o golpe fracassado que tentou anular a vitória de Lula nas eleições seria visto como algo aceitável.

A postura de Lula em relação à Venezuela também levanta questionamentos sobre sua visão de democracia e de respeito às instituições. Enquanto defende a realização de novas eleições como solução para a crise venezuelana, seria difícil imaginar que ele e o PT aceitariam submeter o resultado das urnas brasileiras a um processo semelhante, como um “VAR eleitoral”.

A situação na Venezuela se agravou com a fraude na autoproclamação de Maduro para um novo mandato presidencial. O ditador prometeu divulgar os resultados das eleições em poucos dias, mas alegou um ataque hacker que o impediu de fazê-lo. O Tribunal Supremo de Justiça, submisso ao chavismo, acabou avalizando a fraude e proibiu a divulgação das atas eleitorais, evidenciando a falta de transparência do processo e preparando o terreno para a repressão aos opositores políticos.

Diante desse cenário, fica claro que a crise na Venezuela ainda está longe de se resolver e que a posição de líderes políticos como Lula tem repercussões significativas no debate sobre democracia e autoritarismo na América Latina. A postura do ex-presidente brasileiro frente a esses acontecimentos continua a ser motivo de reflexão e análise por parte de especialistas e observadores internacionais.

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