Desde então, a Argentina tem enfrentado altos e baixos na economia, com alternância no poder entre peronistas e diferentes opositores. No entanto, as margens para manter o padrão de vida da maioria dos argentinos sem produzir inflação descontrolada têm se estreitado cada vez mais, resultando em um empobrecimento gradual do país. Apesar disso, a renda per capita dos vizinhos argentinos continua sendo consideravelmente maior.
Vários analistas políticos e especialistas têm previsto o fim do peronismo como força política a cada eleição perdida pelo movimento. No entanto, os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais demonstraram o contrário. Sergio Massa, candidato da União pela Pátria, obteve a maioria dos votos, mesmo com o pior desempenho de seu movimento desde a redemocratização em 1983.
Diversas teorias buscam explicar a longevidade do peronismo na Argentina. Alguns argumentam que essa resiliência tem origem na capacidade do movimento de organizar os trabalhadores em sindicatos poderosos, conferindo-lhes identidade e espaço no jogo político nacional. Quando o sindicalismo perdeu força, o peronismo utilizou políticas sociais para construir uma extensa rede clientelista.
Outra teoria defende que a resiliência do peronismo está na sua aptidão de adaptação às circunstâncias. O escritor Martin Caparrós argumenta que, ao longo de seus quase 80 anos de existência, o peronismo tem sido capaz de se transformar e se adaptar às necessidades e demandas do momento político, passando por diversas ideologias e abordagens.
Independentemente do resultado do segundo turno das eleições presidenciais, é provável que o peronismo passe por mais uma metamorfose, pois tem demonstrado ao longo de sua história ser capaz de se reinventar para se manter no poder. A resiliência do movimento peronista na Argentina está diretamente relacionada à sua habilidade de se adaptar às mudanças políticas e sociais ao longo dos anos.
(Fonte: texto elaborado pelo escritor como um jornalista)