Líderes aconselham presidente do BC a não cair em provocações de políticos: autonomia é seu maior legado.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está enfrentando pressão de líderes políticos do centro para não reagir às provocações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelos bolsonaristas. Essas lideranças, que apoiam a política econômica do ministro Fernando Haddad, aconselham Campos Neto a defender a autonomia operacional da instituição, conquistada em 2021 e validada posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal.

A autonomia do Banco Central é considerada um dos maiores legados de Campos Neto, superior até mesmo ao popular sistema de pagamento instantâneo Pix. Líderes políticos comparam esse legado ao de Fernando Henrique Cardoso, que é lembrado como o “pai do Plano Real” apesar de ter adotado diferentes medidas positivas durante seu governo.

Entretanto, Campos Neto tem sido alvo de críticas e pressão nos últimos dias. O presidente Lula, membros do governo e do PT coordenaram uma ofensiva contra o chefe do BC, especialmente depois de um jantar em sua homenagem promovido pelo governador Tarcísio de Freitas. Lula criticou a taxa de juros e afirmou que Campos Neto tem ligações políticas, questionando sua capacidade de autonomia.

Aliados do presidente do BC não veem problema na homenagem recebida e no jantar, mas alertam para armadilhas dos bolsonaristas que buscam polarizar o debate. O risco é um aumento do desgaste nos meses restantes de seu mandato, comprometendo a autonomia da instituição.

Além disso, a pressão política também se reflete nas próximas reuniões do Copom, com mais indicações de membros do colegiado feitas por Bolsonaro do que pelo presidente Lula. A estratégia de Lula parece ser manter a pressão em Campos Neto, mas existe a expectativa de que ele próprio elogie a autonomia quando seus indicados estiverem no Banco Central.

Em meio a tudo isso, especula-se sobre a escolha do novo presidente do BC por Lula, com destaque para Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, como favorito para o cargo. A situação promete ficar ainda mais tensa nos próximos meses, com o futuro do Banco Central em jogo em meio a pressões políticas.

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