Repórter São Paulo – SP – Brasil

Lideranças indígenas são impedidas de participar de reunião no STF sobre marco temporal, causando polêmica e constrangimento.

Na tarde desta segunda-feira, dia 5, uma cena lamentável marcou o início da primeira reunião da comissão de conciliação sobre o marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF). Lideranças indígenas, que buscavam participar do encontro convocado pelo ministro Gilmar Mendes, foram impedidas de entrar no prédio, gerando indignação e protestos por parte dos representantes do povo originário.

Entre os barrados na entrada do STF, estava Maurício Terena, coordenador Jurídico na Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e membro da mesa de conciliação. Ele chegou ao local acompanhado de outros indígenas e, segundo relatos, a ordem de não permitir a entrada teria vindo da presidência do Tribunal.

Em um momento gravado pelos próprios indígenas, Maurício desabafou: “Hoje, na tarde em que o Supremo vai decidir a vida dos povos indígenas neste tribunal, pela segunda vez, estamos sendo barrados. No dia que a gente não queria estar aqui. A presidência ligou e deu a ordem de liberação e seguimos sendo barrados. Esse é o cenário conciliatório da Suprema Corte Brasileira. Estamos cansados.”

Somente após a intervenção do presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, é que o grupo de indígenas foi liberado para participar da reunião. Barroso pediu desculpas pelo ocorrido e destacou que foi um erro da segurança que impôs a proibição de entrada. “Gostaria de pedir desculpas às pessoas que foram barradas indevidamente na porta, foi um erro da segurança. Peço desculpas. É o que podemos fazer quando há um erro”, afirmou o ministro, que deu início à audiência com todos os presentes.

A situação evidenciou a tensão e a desconfiança que permeiam as relações entre indígenas e ruralistas quanto à demarcação de terras, alimentando ainda mais o debate sobre a proteção dos direitos indígenas no Brasil.

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