Licenciaturas presenciais perdem alunos, enquanto cursos a distância dobram matrículas; debate sobre qualidade de formação é intensificado.

Nos últimos dez anos, um fenômeno importante tem sido observado no cenário educacional brasileiro: a queda significativa no número de alunos matriculados em cursos presenciais de licenciatura. De acordo com dados do Instituto Semesp, os cursos presenciais de licenciatura perderam 35% dos alunos em todo o país, sendo que nas faculdades privadas essa queda foi ainda mais acentuada, chegando a 68,8%.

Em contrapartida, as matrículas em licenciaturas a distância mais do que dobraram nos últimos anos, atingindo mais de 1,07 milhão de alunos em 2022. Um número que representa uma mudança significativa no perfil dos estudantes que buscam formação como professores para a educação básica.

O ministro da Educação, Camilo Santana, tem expressado preocupação com a quantidade crescente de professores formados em cursos a distância. A possibilidade de mudanças nas regras para oferta dessas graduações, com aumento da carga horária presencial, tem sido discutida pela pasta.

Enquanto as faculdades privadas viram uma redução expressiva no número de matrículas em cursos presenciais de licenciatura, houve um aumento considerável na modalidade a distância. As instituições particulares passaram de 420.930 alunos em graduações presenciais para 131.377, em 2022, ao passo que o número de alunos em cursos a distância saltou de 341.146 para 966.645.

A preocupação com a qualidade da formação dos professores a distância é respaldada por dados que apontam maior evasão e desempenho inferior no Enade quando comparados aos cursos presenciais. No entanto, o diretor-executivo do Semesp defende que os indicadores podem ser influenciados pelo perfil socioeconômico dos estudantes.

Em meio a esse cenário de mudanças e debates, uma proposta do CNE estabelece que as licenciaturas a distância devem ofertar ao menos metade da carga horária de forma presencial, visando garantir a qualidade na formação dos futuros professores. A questão sobre a melhor forma de formar esses profissionais segue em discussão, com defensores de ambas as modalidades.

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