Essa impunidade, somada à perpetuação de práticas autoritárias e corruptas dentro das Forças Armadas, ajudou a alimentar o ambiente propício para a tentativa de golpe ao final do mandato de Jair Bolsonaro. O passado sombrio do país, repleto de violações dos direitos humanos e abusos de poder, parece retornar de forma camuflada, por vezes até mesmo ridícula, como no caso do “pão com leite condensado”.
O golpe de 1964, que completou 60 anos recentemente, ainda ressoa nas estruturas de poder do Brasil. A ideia de que as Forças Armadas devem ter um papel de “moderador” na política, a corrupção enraizada em uniformes que deveriam representar honra e integridade, assim como a persistência da tortura e da violência policial são apenas alguns exemplos de como os traumas do passado continuam presentes no presente.
As feridas abertas pela ditadura militar nunca foram devidamente tratadas. A chamada transição “lenta, gradual e segura” foi apenas um curativo malfeito para encobrir os horrores do regime autoritário. A anistia e o esquecimento foram promovidos como formas de “superar” o passado, mas a realidade é que essas feridas continuam a postergar seu processo de cicatrização.
Para evitar que os fantasmas do passado continuem assombrando o presente, é fundamental proteger o ensino da História nas escolas. Combater discursos revisionistas que tentam distorcer os eventos de 1964 e minimizar a gravidade dos crimes cometidos durante a ditadura é essencial para construir uma sociedade mais justa e democrática. A sociedade civil deve se mobilizar para frear os resquícios do autoritarismo e garantir que a memória e a verdade prevaleçam sobre a impunidade e a distorção dos fatos.