Segundo o economista Marcos Lisboa, colunista da Folha e ex-presidente do Insper, Delfim Netto teve um papel crucial no crescimento do agronegócio, tanto do ponto de vista acadêmico quanto na formulação de políticas públicas. Sua tese de livre-docência em 1959, intitulada “O Problema do Café no Brasil”, posteriormente transformada em livro, analisou de forma pioneira a história e a política de valorização do café no país.
Além de suas contribuições acadêmicas, Delfim Netto trabalhou ativamente para ampliar a pauta exportadora do Brasil, incentivando grupos de trabalho e estudos acadêmicos que visavam aumentar a produtividade do setor agrícola. Sua atuação foi fundamental para a criação da Embrapa em 1973, durante seu mandato como ministro da Fazenda.
Lisboa ressalta que Delfim era um economista que refletia as políticas da sua época, com uma visão de Estado ativo na economia. Essa abordagem, que incentivava o desenvolvimento de setores específicos através de intervenções estatais, teve impactos positivos no agronegócio, estimulando a inovação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Entretanto, é importante também lembrar o contexto político em que Delfim atuou, durante a ditadura militar no Brasil. Ele foi ministro de governos militares e apoiou o Ato Institucional nº 5, sendo o último sobrevivente entre os signatários desse ato autoritário. Seu posicionamento em relação a esse período ainda gera controvérsias, mas sua contribuição para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro é inegável.
Delfim Netto deixou um legado marcante no cenário econômico do Brasil, com suas contribuições para o setor agropecuário e sua atuação política em um período conturbado da história do país. Sua morte representa o fim de uma era, mas seu legado perdurará por muito tempo, influenciando gerações futuras de economistas e gestores do agronegócio.