Justiça Federal proíbe Funai de entregar materiais a comunidades indígenas em área de conflito no oeste do Paraná.

A Justiça Federal no Paraná proibiu a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) de entregar lonas ou outros materiais que possam ser utilizados para construção de abrigos às comunidades indígenas que ocupam uma área de conflito com produtores rurais entre as cidades de Guaíra e Terra Roxa, no oeste do estado. A determinação foi assinada nesta terça-feira (23) pelo juiz federal João Paulo Nery dos Passos Martins, da 2ª Vara de Umuarama, no bojo de um interdito proibitório movido por uma família de produtores rurais.

Segundo o juiz, existem ordens judiciais vigentes que determinam a desocupação ou abstenção de ocupação dos imóveis pelos indígenas que recentemente aumentaram as áreas ocupadas na região. A Funai é instada a cooperar com a execução das decisões judiciais e estimular o cumprimento voluntário para evitar desocupações forçadas e possíveis conflitos.

O conflito na região entre as comunidades indígenas e os produtores rurais é histórico, mas se intensificou desde o final do ano passado. O governo federal informou que 22 famílias que originalmente habitavam a Terra Indígena Guasu Guavirá, delimitada pela Funai em 2018, iniciaram a retomada dos territórios Arakoé e Arapoty, tradicionalmente ocupados por indígenas avá guarani.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) denunciou um “complô político, econômico e institucional contra os direitos do povo avá guarani no oeste do Paraná”, que há décadas reivindica a demarcação de suas terras originárias. O Cimi aponta falhas na proteção feita pela Força Nacional desde janeiro, expondo indígenas e seus apoiadores a ameaças e violências de fazendeiros e seus capangas.

Diante da decisão da Justiça, a Funai informou que irá recorrer da proibição de entrega de materiais às comunidades indígenas em conflito no oeste do Paraná. A situação na região segue tensa e complexa, com o embate entre interesses fundiários e a preservação dos direitos dos povos indígenas se destacando como um desafio contínuo para as autoridades competentes.

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