Repórter São Paulo – SP – Brasil

Jeong: o conceito sul-coreano de amor, compaixão e responsabilidade social que desafia a individualidade no mundo moderno.

O “Jeong”, um conceito profundamente enraizado na cultura sul-coreana há mais de 2 mil anos, é descrito como um estado mental de calor, profundo apego emocional e compaixão pelas pessoas que compartilham laços comuns e o desejo inato de fazer algo pelo outro. Este conceito, único e exclusivamente coreano, está enraizado na ideia de responsabilidade social coletiva, segundo o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul.

Jihee Cho, psicóloga em Nova York e cofundadora da Mind in Motion Psychological Therapy, explica que o “jeong” vai além de apenas amor pelas pessoas, podendo abranger vínculos com objetos, lugares, animais de estimação e até mesmo a nação. Ela também relata sua experiência de crescimento na Coreia do Sul, onde pertenciam a uma comunidade em que todos se conheciam e ajudavam uns aos outros sem pensar duas vezes.

Apesar da tradição do “jeong”, a moderna sociedade sul-coreana se tornou altamente competitiva, deixando a população sobrecarregada, estressada e privada de sono. Isso tem levado a uma epidemia de dependência de estimulantes e suicídios, e a psicóloga afirma que o individualismo tem assumido o controle, possivelmente devido à globalização e à influência da internet.

Por outro lado, Cho destaca semelhanças entre o “jeong” e a mentalidade coletiva da comunidade latina em Nova Iorque. Ela observa que os latinos tendem a viver em comunidades unidas, chamando até mesmo pessoas próximas de “tio” ou “tia”, o que demonstra um sentimento semelhante ao “jeong”. A psicóloga sugere que essa mentalidade coletiva pode ser um fator protetor contra o isolamento e a depressão na cidade grande.

Em seus atendimentos, Jihee Cho aplica o conceito de “jeong” para encorajar seus pacientes a buscar conexões significativas e cultivar relacionamentos genuínos. Segundo ela, a prática do “jeong” vai além de atos de gentileza, envolvendo um genuíno interesse no bem-estar do outro. Ela alerta, no entanto, que é importante haver equilíbrio e reciprocidade nos relacionamentos para evitar sobrecarregar a outra parte.

Assim, o “jeong” não é apenas um conceito cultural, mas uma prática que pode contribuir para o bem-estar emocional e mental das pessoas, oferecendo uma fonte de apoio e conexão em meio à frieza e individualismo da sociedade moderna. Através das experiências de Jihee Cho, podemos reconhecer o “jeong” como uma prática universal que promove a empatia, compaixão e vínculos significativos entre as pessoas.

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