Israel mantém prática de sepulturas anônimas para palestinos, gerando suspeitas de tráfico de órgãos e indignação das famílias dos falecidos

Em junho de 1967, durante a Terceira Guerra Árabe-Israelense, Israel ocupou a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza. Neste contexto, militares israelenses enterraram soldados árabes e prisioneiros de guerra em valas comuns, mantendo seus corpos em segredo de suas famílias. Esses cadáveres permanecem identificados somente por números, em locais conhecidos como cemitérios de números. De acordo com a reportagem, o exército israelense continuou enterrando palestinos nestes cemitérios ou retendo os corpos até que as famílias aceitem várias restrições para os respectivos funerais.

De 2007 a 2015, Israel interrompeu a prática de retenção de corpos, mas durante esse período também ocorreram várias revoltas palestinas, conhecidas como “intifada das facas”. Em resposta a esses ataques, Israel frequentemente confiscava os corpos das vítimas e, desde 2015, mais de 135 corpos têm sido mantidos no Instituto Forense Abu Kabir, perto de Tel Aviv, sob condições rigorosas. Essa prática tem criado dificuldades para as famílias em lidar com o luto e seguir em frente com suas vidas, pois, sem uma certidão de óbito, as viúvas não conseguem casar novamente, e a conta bancária do falecido permanece congelada, privando as famílias de recursos.

Além disso, relatos antigos mencionam que os corpos de palestinos devolvidos frequentemente apresentavam sinais de remoção de órgãos, e há suspeitas de que isso tenha sido realizado sem consentimento das famílias. O antigo chefe do Instituto Forense Abu Kabir chegou até a admitir que, durante a década de 1990, o exército havia retirado pele, córneas, válvulas cardíacas e ossos dos corpos de palestinos e trabalhadores estrangeiros. As alegações de tráfico de órgãos e práticas destrutivas com os corpos são consideradas violações da Quarta Convenção de Genebra de 1949, que exige que os militares respeitem a dignidade dos mortos.

Esses eventos controversos causaram indignação e levaram a investigações sobre esse assunto. No entanto, as violações continuam sendo motivo de preocupação para os palestinos, que veem essas práticas como uma forma de criminalização para além da morte. Para eles, os cemitérios não são apenas um local de luto, mas um registro da história e pertencimento geracional e geográfico. A situação permanece tensa e controversa, com questões complexas e sensíveis em jogo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo