Repórter São Paulo – SP – Brasil

Irmãs da Boa Morte celebram Maria com ritos de fé e resistência em festividades de cinco dias no Recôncavo da Bahia.

A Irmandade da Boa Morte, localizada no Recôncavo Baiano, é uma das mais tradicionais e importantes instituições religiosas do Brasil. Fundada há mais de dois séculos, a Irmandade é liderada por uma presidente, cargo exercido atualmente por uma mulher de 108 anos, Dona Maria da Conceição de Jesus, conhecida como Mãe Dazinha. Além dela, outra figura de destaque na hierarquia da Irmandade é Dona Lindaura Paz dos Santos, com 87 anos de idade e 55 anos de dedicação ao Candomblé e à Irmandade da Boa Morte, ocupando diversas funções ao longo desse tempo.

Durante cinco dias de rituais em agosto, as irmãs da Boa Morte celebram a morte e assunção de Maria, em uma demonstração de fé, resistência e diálogo entre culturas e modos de fé. As festividades incluem tradições negras do Recôncavo, como o samba de roda e a distribuição de caruru, prato típico da culinária afro-baiana. As ruas da cidade se tornam cenário para as celebrações, que incluem missas, procissões e festas, marcadas pela vestimenta litúrgica das irmãs, carregada de simbolismo e história.

Um dos destaques entre as integrantes da Irmandade é Dona Dalva Damiana de Freitas, de 96 anos, considerada uma doutora do samba, cantora e compositora. Reconhecida por sua dedicação à cultura negra do Recôncavo, Dona Dalva foi a primeira personalidade a receber o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal da Bahia. Além de suas atividades na Irmandade da Boa Morte, Dona Dalva também se dedica ao grupo de samba de roda que fundou em 1961.

A devoção à Nossa Senhora, a celebração da vida e da morte e o diálogo entre tradições religiosas marcam as festividades da Irmandade da Boa Morte, que exaltam a resistência e a fé do povo do Recôncavo. São dias de devoção, celebração e festa, em uma tradição que se mantém viva e forte ao longo dos séculos.

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