Durante cinco dias de rituais em agosto, as irmãs da Boa Morte celebram a morte e assunção de Maria, em uma demonstração de fé, resistência e diálogo entre culturas e modos de fé. As festividades incluem tradições negras do Recôncavo, como o samba de roda e a distribuição de caruru, prato típico da culinária afro-baiana. As ruas da cidade se tornam cenário para as celebrações, que incluem missas, procissões e festas, marcadas pela vestimenta litúrgica das irmãs, carregada de simbolismo e história.
Um dos destaques entre as integrantes da Irmandade é Dona Dalva Damiana de Freitas, de 96 anos, considerada uma doutora do samba, cantora e compositora. Reconhecida por sua dedicação à cultura negra do Recôncavo, Dona Dalva foi a primeira personalidade a receber o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal da Bahia. Além de suas atividades na Irmandade da Boa Morte, Dona Dalva também se dedica ao grupo de samba de roda que fundou em 1961.
A devoção à Nossa Senhora, a celebração da vida e da morte e o diálogo entre tradições religiosas marcam as festividades da Irmandade da Boa Morte, que exaltam a resistência e a fé do povo do Recôncavo. São dias de devoção, celebração e festa, em uma tradição que se mantém viva e forte ao longo dos séculos.