A advogada da família Amini na França, Chirinne Ardakani, confirmou que os familiares foram proibidos de embarcar no avião que os levaria a França para receber o prêmio, e tiveram seus passaportes confiscados. Esta atitude levanta preocupações sobre a liberdade de expressão e os direitos humanos no Irã.
Mahsa Amini faleceu no ano passado, três dias depois de ter sido detida pela polícia moral por supostamente não usar o véu islâmico corretamente. Sua morte desencadeou uma onda de manifestações contra os líderes políticos e religiosos iranianos, levando à morte de centenas de pessoas e a milhares de detenções.
Enquanto isso, a ativista Narges Mohammadi, 51 anos, ganhou o Prêmio Nobel da Paz e está detida desde 2021 na prisão de Evin, em Teerã. A ativista iraniana iniciará uma nova greve de fome neste domingo, data da cerimônia do prêmio em Oslo, na Noruega. Mohammadi já havia realizado uma greve de fome entre os dias 6 e 10 de novembro, quando conseguiu ser transferida para um hospital sem cobrir a cabeça com o véu.
Narges Mohammadi é a 19ª mulher a ganhar o prêmio, que atualmente vale 11 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1 milhão, ou R$ 5,17 milhões), e a quinta pessoa a ser nomeada enquanto cumpre pena. Ela será representada por seus filhos gêmeos de 17 anos, Ali e Kiana Rahmani, que vivem exilados em Paris.
A situação política no Irã continua tensa, com as autoridades iranianas acusando o comitê do Prêmio Nobel de intromissão e politização dos direitos humanos. O ministro das Relações Exteriores, Nasser Kanaani, afirmou que o comitê do Nobel da Paz concedeu o prêmio a uma pessoa condenada por repetidas violações da lei e atos criminais. A situação de Narges Mohammadi e a repressão de manifestações no país continuam a ser motivo de preocupação para a comunidade internacional.