Repórter São Paulo – SP – Brasil

Investimentos em transição energética são reduzidos em 18% no governo Lula, comprometendo metas climáticas, aponta relatório do Inesc.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu críticas pela redução de 18% dos recursos destinados à transição energética, conforme apontado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Segundo o relatório da ONG, os recursos para essa área foram reduzidos de R$ 4,44 bilhões em 2024 para R$ 3,64 bilhões no Projeto de Lei Orçamentária de 2025.

Essa diminuição nos investimentos pode comprometer as metas de enfrentamento às mudanças climáticas, gerando preocupação em relação à política ambiental do governo. Enviado ao Congresso no final de agosto, o PLOA de 2025 prevê uma despesa primária líquida de R$ 2,38 trilhões, sendo apenas R$ 215,3 bilhões destinados ao custeio da máquina administrativa e investimentos não obrigatórios.

Essa decisão acontece em meio a discussões globais sobre a urgência da transição energética e ao discurso de Lula na abertura da 79ª Assembleia-Geral da ONU, onde o presidente defendeu as ações do governo na área. No entanto, o Inesc aponta que o Brasil está retrocedendo nesse objetivo ao não priorizar as energias renováveis em seu Orçamento.

O assessor político do Inesc, Cássio Carvalho, critica a postura contraditória do governo, que se coloca como protagonista da transição energética internacionalmente, mas não reflete essa postura em seu orçamento nacional. Ele ressalta que, diante dos eventos extremos como as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas, o orçamento destinado à transição energética é inadequado e ainda favorece a dependência do país em combustíveis fósseis.

O relatório também aponta que metade dos recursos destinados ao Programa de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia será voltada para a manutenção da indústria de petróleo e gás natural. O Inesc, uma das ONGs socioambientais mais antigas do Brasil, detectou a redução de recursos em programas relacionados à transição energética em ministérios como Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Ciência, Tecnologia e Inovação.

Diante desse cenário, a sociedade civil e especialistas estão cobrando ações concretas e mais investimentos na transição energética para que o Brasil possa cumprir seus compromissos ambientais e contribuir efetivamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Embora o governo tenha prometido ajustes e investimentos nessa área, a falta de priorização e a redução de recursos levantam preocupações sobre o comprometimento do país com a agenda verde e suas metas climáticas. Até o momento, os ministérios envolvidos não se pronunciaram sobre as críticas.

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