Durante a coletiva, os indígenas também destacaram o acordo definido no grupo de trabalho pela repatriação do manto. A chegada da peça, que deveria ter sido recebida com uma cerimônia no aeroporto, ocorreu de forma sigilosa no início de junho, o que gerou um conflito com a administração do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
A administração do museu negou qualquer conflito com os indígenas, mas um vídeo publicado pelo Conselho Indígena do Povo Tupinambá de Olivença (Cito) mostrou um desentendimento entre o diretor da instituição e os caciques durante uma reunião na Bahia. Os indígenas lamentaram não ter tido a oportunidade de receber o manto sagrado com os ritos honrosos merecidos, enfatizando a importância espiritual e cultural da peça para o seu povo.
Fora do Circo Marcos Frota, os indígenas se preparavam com cânticos e pinturas para a vigília que seguirá até quinta-feira, quando está prevista a cerimônia oficial do manto com a presença de autoridades, incluindo a ministra do Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Além disso, cerca de 200 indígenas de três etnias diferentes chegaram ao Rio para celebrar a chegada do manto, participando de um cortejo em protesto por demarcação de terra.
O manto tupinambá, considerado uma entidade sagrada, foi levado à Europa por holandeses por volta de 1644 e é confeccionado principalmente com penas de guarás, além de outras plumas. A peça foi doada pelo Museu Nacional da Dinamarca e, embora existam outros exemplares espalhados pelo mundo, esta é a primeira vez que um manto desse tipo fará parte do acervo de um museu brasileiro.
Todo esse cenário envolvendo a recepção do manto tupinambá tem gerado discussões e reflexões sobre a preservação da cultura indígena e a importância de reconhecer e respeitar os direitos dos povos originários. A chegada dessa peça histórica ao Brasil representa não apenas um marco cultural, mas também uma oportunidade de valorização e dignificação dos povos indígenas.