Repórter São Paulo – SP – Brasil

Houthis atacam navios no Mar Vermelho e causam crise para o comércio global em uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo

No dia 17 de janeiro, o navio de carga americano MV Genco Picardy foi um dos mais recentes alvos dos ataques perpetrados pelos houthis, um grupo islâmico xiita apoiado pelo Irã, no Mar Vermelho. O ataque resultou em assustadoras marcas pretas chamuscadas sobre a tinta branca do navio, evidenciando o alcance do drone que o atingiu.

Desde novembro, os houthis vêm atacando navios que passam pelo estreito de Bab el-Mandeb, um canal com 32 km de largura que separa o nordeste da África do Iêmen, na Península Arábica. Embora declarem que seus alvos são navios ligados a Israel, os ataques atingem também muitas embarcações sem qualquer ligação com o país.

O cenário preocupa governos e o setor de comércio naval. Afinal, no Mar Vermelho, local por onde passa 12% do comércio global todos os anos, os ataques dos houthis têm causado prejuízos econômicos e impactado as cadeias de fornecimento globais. Michelle Wiese Bockmann, analista da Lloyd’s List Intelligence, ressalta que a situação é preocupante, pois cerca de 300 navios trafegam diariamente pelo estreito, transportando pessoas que não têm voz para decisões em meio a uma zona de guerra.

Diante do aumento da insegurança, muitas empresas de navegação já evitam a região, optando, na maioria das vezes, por um desvio mais longo, contornando o continente africano em vez de se dirigirem ao Mar Vermelho e dali para o Canal de Suez, em suas viagens da Ásia para a Europa.

Contudo, redirecionar os grandes navios não é tarefa fácil, envolvendo logística complexa e demorada. Além disso, a forte seca que atinge o Canal do Panamá e a guerra na Ucrânia também estão estrangulando as cadeias de fornecimento globais, tornando urgente a necessidade de adaptação e redirecionamento, mesmo com as sérias consequências financeiras e ambientais envolvidas.

Os impactos dos ataques dos houthis vão além do setor naval, afetando também os custos de transporte, emissões de carbono e até mesmo a biodiversidade marinha. A crise no Mar Vermelho obriga as empresas a repensarem suas estratégias de transporte e logística, buscando alternativas para manter a integridade das cadeias de fornecimento globais em um cenário cada vez mais complexo e desafiador.

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