História de resistência e vitória: A luta contínua por reparação histórica das religiões de matriz africana no Brasil.

No último evento paralelo intitulado “Actualizing reparatory justice: Reparations for slavery crimes through decolonizing law no Third Session of the Permanent Fórum on People of African Descent”, as organizadoras foram calorosamente agradecidas pela presença da Coalizão Negra por Direitos como organização copatrocinadora. Para essa coalizão, assim como para o Ilê Omolu Oxum, a justiça e a reparação são questões prioritárias, especialmente considerando o grave histórico de escravidão no Brasil.

Com aproximadamente 3.600.000 escravos traficados para o continente americano entre os séculos 16 e 19, a história colonial do Brasil é marcada por vergonha e exploração. Esse período sombrio se reflete nas práticas contemporâneas de racismo e discriminação racial que continuam a afetar a população negra no país, levando-os a condições de vulnerabilidade social.

A discussão sobre colonialismo e descolonização se torna fundamental, destacando a necessidade de revisar e repensar o legado colonial sob uma perspectiva plural. Abordar a questão das reparações torna-se essencial diante das violações cometidas durante séculos de escravidão e tráfico de escravos.

A história de Mãe Meninazinha de Oxum e sua luta pela libertação dos objetos sagrados das religiões de matriz africana no Rio de Janeiro oferece um exemplo poderoso de resistência e reparação. Após décadas de batalha, em setembro de 2021, esses objetos foram transferidos do Museu da Polícia para o Museu da República, em uma conquista histórica.

O “Acervo Nosso Sagrado” tornou-se um símbolo de respeito à memória e à ancestralidade africana, representando uma forma de enfrentar o racismo religioso e reafirmar a importância da pluralidade cultural. A persistência e a dedicação de Mãe Meninazinha são exemplos inspiradores de como a luta por justiça e reparação pode ser conduzida no século atual.

Por meio dessa experiência de resistência e conquista, podemos reconhecer a importância de preservar e valorizar a história e a cultura afro-brasileira, combatendo ativamente as práticas discriminatórias e buscando reparar as injustiças do passado. A história de Mãe Meninazinha nos lembra que a luta contra o racismo e pela justiça é contínua, e que a memória e a identidade cultural devem ser celebradas e protegidas.

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