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Heterogeneidade das definições de riscos ambientais: a disputa entre ciência, política e saberes populares na era da crise climática

Crises Climáticas e Ambientais: Múltiplas Definições e Impactos Diversos
Por: [Nome do Jornalista]

As crises climáticas e ambientais são vivenciadas de diferentes formas e geram um debate intenso sobre suas definições e consequências. Cada pessoa encara a realidade de maneira única, influenciada por crenças, conhecimentos cotidianos, normas sociais e rotinas estabelecidas. Essa diversidade de percepções revela que as ações e estratégias para enfrentar tais desafios não possuem uma definição única, pois as respostas a esses problemas são igualmente diversas.

A evidência científica aponta que a quantidade de informação sobre os riscos ambientais à saúde não está diretamente relacionada à abordagem dos problemas identificados. As ciências sociais têm demonstrado que tais divergências estão associadas a desigualdades materiais e socioculturais. Isso significa que, as percepções sobre riscos ambientais e de saúde são, em grande parte, construídas a partir de definições impostas sociopoliticamente.

No Uruguai, em meados de 2023, o governo decretou uma crise hídrica que foi denunciada por movimentos sociais, acadêmicos e diversas manifestações autoconvocadas como consequência do “saque” da água por modelos de produção hegemônicos. Entretanto, esse problema já vinha sendo denunciado há anos por pequenos produtores da zona metropolitana. Essa situação exemplifica como as definições de riscos ambientais ocorrem de forma heterogênea e carregada de significados socialmente validados.

A definição de riscos ambientais e climáticos é um campo de disputas onde saberes técnicos e populares se cruzam com interesses, relações de poder e a legitimação do conhecimento. A imposição de narrativas em relação a essas definições e suas consequências têm impactos econômicos, sociais e ambientais significativos.

Essa situação revela a existência de desigualdades na definição e enfrentamento das crises ambientais e climáticas. Muitos países ainda não ratificaram o Acordo de Escazú, que estabelece normas internacionais relacionadas à participação social, justiça ambiental e acesso à informação. Além disso, o clima de violência contra ativistas e movimentos ambientais tem se intensificado, enquanto as condições das populações mais desfavorecidas socioeconomicamente continuam se deteriorando.

Diante desse cenário, acadêmicos e ativistas têm proposto a busca por transformações concretas que atendam a múltiplas desigualdades. O Pacto Ecossocial e Intercultural do Sul, por exemplo, argumenta que a transição energética, social e digital deve ser projetada a partir dos territórios que suportam o sacrifício material, cultural e ambiental para salvar o planeta.

Todas essas questões colocam em evidência a necessidade de discutir mecanismos que possam reverter as desigualdades sociais que se reproduzem e se aprofundam no planeta. Isso pressupõe a aceitação das múltiplas realidades que coexistem em torno do tema, visibilizando as estruturas que perpetuam os mecanismos de desigualdade e dando espaço a soluções alternativas com licença social.

Portanto, a problematização das crises climática e ambiental exige uma compreensão abrangente das múltiplas definições de riscos ambientais e climáticos, bem como a busca por soluções que considerem as desigualdades socioambientais existentes no mundo. A construção de respostas efetivas a esses desafios depende da compreensão e da valorização das diferentes percepções e realidades presentes na sociedade.

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