A renúncia do primeiro-ministro em exercício, Ariel Henry, na última terça-feira, evidencia a fragilidade política do país. Henry assumiu o cargo após a morte de Moïse em 2021, mas sua gestão foi marcada por tentativas fracassadas de lidar com a crise e garantir a estabilidade política.
Jake Johnston, economista e escritor especialista no Haiti, aponta que a situação caótica atual no país é resultado de múltiplas intervenções falidas, tanto militares quanto humanitárias. A presença de atores estrangeiros, como os Estados Unidos e a ONU, aliada a uma elite local, desestabilizou o Estado haitiano e contribuiu para a atual crise.
A população haitiana sofre as consequências dessas ações, com a falta de serviços públicos adequados, exclusão política e social, e a presença de gangues criminosas que controlam áreas do país. A dependência da ajuda internacional, embora necessária, é vista como um fator que muitas vezes não contribui para a sustentabilidade e a autonomia do Haiti.
A transição para um novo governo ordenado no Haiti é crucial, mas deve ser feita de forma legítima e inclusiva. A renúncia de Ariel Henry e as incertezas políticas no país exigem ações urgentes, como o fortalecimento das instituições locais, o apoio à polícia haitiana e o respeito à soberania do país.
É importante que a comunidade internacional não imponha soluções que possam agravar a situação no Haiti, respeitando a vontade e a capacidade do povo haitiano de encontrar saídas para a crise. A impunidade em relação ao assassinato do presidente Jovenel Moïse também é uma questão delicada que precisa ser investigada de forma transparente e imparcial.