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György Lukács: O ressurgimento do pensador húngaro e sua influência no século 20

O pensador húngaro György Lukács, mesmo após 52 anos de sua morte, ressurgiu agora com uma evocação difusa ao redor de sua figura. Apesar de o marxismo que ele defendia não ter mais tanto destaque nas universidades e burocracias do Leste Europeu como antigamente, Lukács renasce como um dos homens mais influentes e eruditos do século 20.

A editora Boitempo está relançando um título do autor, “Estética: A Peculiaridade do Estético”, e outros três livros sobre ele. Não se trata de um retorno a um período em que o marxismo era fonte de paixões ou certezas, mas sim do reconhecimento de um gigante do pensamento que ensinou a esquerda a pensar.

“Lukács: Uma Introdução” é um projeto para principiantes, onde o autor, professor da UFRJ, apresenta a biografia do pensador e discorre sobre os momentos mais importantes de suas descobertas. O livro contextualiza o período em que Lukács viveu em Moscou e seu relacionamento difícil com a ditadura de Josef Stálin, o que resultou em sua prisão e posterior permanência em um campo de concentração.

Lukács foi um historiador da cultura, suas reflexões mais conhecidas envolvem a literatura e o conhecimento estruturado na linguagem de ficção. Ele também enfrentou obstáculos ao tentar exercer publicamente suas ideias e foi perseguido pelo stalinismo e pelo sectarismo do Partido Comunista Húngaro. Apesar disso, suas contribuições para o materialismo dialético foram criativas e distantes dos chavões teóricos.

O livro também aborda o ambiente de efervescência intelectual da universidade alemã de Heidelberg no início do século 20, onde Lukács estava presente ao lado de Max Weber, um não marxista por excelência.

Lukács teve participação ativa nas esquerdas húngaras, que assumiram o poder em 1919 por um curto período de tempo. Durante esse período, o filósofo foi o número dois do Ministério da Cultura e Educação, introduzindo a educação sexual nas escolas e confrontando o tradicionalismo cristão. Após a derrota da esquerda, Lukács teve que se exilar em Viena e voltou a ser um teórico discreto no terreno da escrita.

Posteriormente, com a Hungria na esfera soviética, Lukács foi preso e exilado na Romênia, mas autorizado a retornar ao país no ano seguinte. Porém, ele já não era mais professor universitário nem membro do partido. Durante dez anos, o comunismo oficial tentou apagar sua figura, mas ele já havia se tornado autor de uma densa bibliografia que o levou a fazer conferências no exterior e se tornar uma das grandes celebridades do marxismo.

Portanto, mesmo sem datas redondas, o ressurgimento de György Lukács como um dos grandes pensadores do século 20 é um reconhecimento de sua importância e influência, apesar das mudanças no cenário político e acadêmico do Leste Europeu. A reedição de seus livros pela editora Boitempo permite que novas gerações de leitores e estudiosos conheçam suas ideias e contribuições para o pensamento crítico e marxista.

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