Grupo encapuzado interrompe marcha de la Romería em Santiago, no aniversário de 50 anos do golpe no Chile. Violência e confrontos marcam protesto.

No último domingo (10), a tradicional Marcha de la Romería em Santiago, que marca o aniversário do golpe no Chile, foi interrompida por um grupo de cerca de 50 pessoas encapuzadas e vestidas de preto. A caminhada, que tem como objetivo homenagear anualmente os mortos e detidos da ditadura chilena, estava ocorrendo pacificamente até ser interrompida pelo grupo violento.

De acordo com relatos da imprensa local, os manifestantes atiraram pedras e paralelepípedos no La Moneda, quebrando seis janelas do palácio presidencial, e lançaram coquetéis molotov contra policiais, ferindo três agentes e um cachorro. Além disso, houve confrontos no Mercado Tirso de Molina, onde vendedores tentaram evitar saques, e no Cemitério Geral, para onde a peregrinação se dirigia após atrasos. No cemitério, os manifestantes confrontaram os encapuzados, que reagiram com violência.

Os relatos também apontam para pichações no Centro Cultural La Moneda, lançamentos de artigos inflamáveis em uma delegacia e roubo de uma placa de mártires de um mausoléu da polícia, que posteriormente foi recuperada. O subsecretário do Interior, Manuel Monsalve, expressou sua rejeição aos atos de violência cometidos pelos grupos minoritários infiltrados na peregrinação, afirmando que tais atos violam a memória.

A polícia já previa a possibilidade de tensões durante o protesto. Em um documento sobre a segurança dos eventos da data, os agentes projetavam a participação de cerca de 2.000 pessoas na peregrinação e advertiam para grupos que poderiam se opor à atividade, como o Team Patriota. Nas redes sociais, o movimento já está compartilhando publicações que pedem a investigação do presidente Gabriel Boric por ter caminhado junto aos manifestantes.

O aniversário de 50 anos do golpe no Chile tem aprofundado a polarização no país, fortalecendo a ultradireita. A ditadura comandada pelo general Augusto Pinochet foi uma das mais sangrentas da América Latina, sendo responsável pela morte ou desaparecimento de 1.469 pessoas, segundo dados oficiais. Ao invés de se consolidar como uma contundente mensagem contra a ditadura, o marco do aniversário tem gerado mais divisões entre os chilenos.

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