Governador Tarcísio busca apoio de prefeitos para privatização da Sabesp e tenta amenizar críticas no Legislativo.

O governador Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, vem enfrentando derrotas na Assembleia Legislativa e dificuldades no relacionamento com os deputados estaduais. Diante dessa situação, ele tem se dedicado nas últimas semanas a abrir um canal de diálogo com os prefeitos em São Paulo.

Nos últimos dias, o governador teve 13 reuniões com grupos de prefeitos, sendo o principal tema em pauta a privatização da Sabesp. Tarcísio busca se encontrar com os prefeitos das 375 cidades atendidas pela empresa para discutir a questão.

Enquanto enfrenta dificuldades para aprovar projetos simples no Legislativo estadual, o governador aposta em obter o apoio dos gestores municipais para que sua principal bandeira, a privatização da estatal de saneamento, possa ser realizada. No entanto, a privação da Sabesp enfrentará oposição na Assembleia.

Prefeitos relataram que antes eram ignorados pelo governo, mas que agora têm recebido atenção especial, principalmente quando o assunto é a Sabesp. Durante os encontros, os chefes dos Executivos municipais aproveitam para tratar de outras pendências e tentar garantir recursos para seus municípios.

Nas reuniões, Tarcísio tem apresentado dados sobre a empresa e o plano de privatização, sustentando que os investimentos já previstos serão cumpridos e outros serão adiantados. No entanto, há críticas de que o discurso é genérico e às vezes ignora as realidades locais das cidades.

Além de tratar da privatização da Sabesp, o governador também aborda convênios e obras das respectivas regiões, ressaltando que a privatização trará benefícios para o caixa do estado. Tarcísio aproveita esses encontros para fazer uma prestação de contas da sua gestão.

Diante da queda de arrecadação do ICMS, os prefeitos têm cobrado emendas e convênios. Através da ponte com os prefeitos, Tarcísio busca influenciar os deputados e conquistar a opinião pública para sua agenda, especialmente a da privatização.

No entanto, entre os deputados de esquerda, que são contrários à privatização, a estratégia de Tarcísio de buscar o apoio dos prefeitos é vista como um tiro no pé. Eles acreditam que os gestores municipais não se comprometerão com um tema impopular, principalmente por medo do aumento da tarifa, algo que o governo nega que irá ocorrer.

Para que a privatização da Sabesp seja concretizada, o governo deseja que todos os municípios atendidos pela empresa estendam seus contratos até 2060. O objetivo é evitar descontentamentos e, consequentemente, evitar possíveis ações judiciais.

Os aliados do governador acreditam que a privatização da Sabesp pode ser enviada ainda este ano para Assembleia, enquanto os opositores preveem que a votação ocorrerá apenas no próximo ano, quando as eleições municipais podem influenciar o debate.

Enquanto busca o apoio dos prefeitos, Tarcísio também tem trabalhado para melhorar a relação com os deputados. Com o objetivo de conquistar uma base de apoio sólida, o governador prometeu atender às demandas dos deputados e prefeitos, inclusive iniciando o pagamento de emendas e nomeando aliados em cargos de confiança.

No entanto, os projetos mais importantes do segundo semestre, como a reforma administrativa e a PEC que permite diminuir os gastos com educação para investir em saúde, ainda não foram enviados para a Assembleia. A PEC necessita do aval de 57 dos 94 deputados.

Na última reunião com deputados aliados, Tarcísio prometeu atender às demandas e admitiu erros, ressaltando que está tentando acertar mesmo estando no cargo há pouco tempo.

Enquanto críticas são feitas nos bastidores pelos parlamentares aliados, a oposição tem exposto publicamente a relação trincada entre o governo e a Assembleia. Deputados do PT afirmaram que o governo enrola a Casa e que não podem votar com sua consciência devido à pressão do governador.

Enquanto a situação política se desenrola, Tarcísio continua em busca de apoio e decisões favoráveis no Legislativo para a privatização da Sabesp. A oposição, por sua vez, tem utilizado a tribuna para expor a relação tumultuada entre o governo e a Assembleia.

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