Repórter São Paulo – SP – Brasil

Golpe de 1964: Juiz de Fora mantém ocultos os sinais de sua participação na ditadura militar, mas prepara “marcha reversa” para reconciliação.

Juiz de Fora, cidade mineira que teve um papel crucial no golpe militar de 1964, mantém até os dias de hoje vestígios desse momento histórico que mudou os rumos do país por duas décadas. A mobilização das tropas do general Olympio Mourão Filho, que teve início na cidade, foi a antecipação do golpe que resultou na instauração da ditadura militar no Brasil.

Os sinais da participação de Juiz de Fora no golpe de 1964 ainda estão presentes na cidade, como a placa em homenagem ao dia 31 de março, data da mobilização das tropas de Mourão Filho, e o acervo do oficial guardado na reserva técnica do Museu Mariano Procópio. No entanto, a prefeitura local tem se esforçado para promover uma “virada de página” nessa história conturbada.

O evento Marcha Reversa, organizado pela prefeitura, tem como objetivo celebrar a vida e a luta daqueles que sofreram as consequências do golpe de 1964. A ideia é ressignificar a história da cidade, trazendo à tona as memórias daquele momento e homenageando aqueles que foram perseguidos, presos ou mortos durante a ditadura.

O general Mourão Filho, na época chefe da 4ª Região Militar sediada em Juiz de Fora, foi o responsável por mobilizar suas tropas em direção ao Rio de Janeiro para depor o então presidente João Goulart. O movimento do general antecipou os planos golpistas de militares, políticos e empresários que tramavam a queda do presidente.

Após o sucesso do golpe, Mourão Filho retornou a Juiz de Fora sob uma recepção festiva, desfilando em veículos militares acenando para a população ao lado do governador de Minas Gerais. No entanto, a cidade não possui nenhuma rua em homenagem ao general, ao contrário de outras cidades do país que possuem logradouros com o seu nome.

Atualmente, o Museu Mariano Procópio exibe apenas o cachimbo do general em sua exposição, evitando colocar armas e fardas devido ao momento político delicado. A antiga sede da 4ª Região Militar agora abriga a 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, autodenominada “Brigada 31 de Março”, em referência ao golpe militar. A prefeita Margarida Salomão, do PT, decidiu promover eventos para lembrar o início do golpe e os anos de ditadura, visando resgatar a memória desse período na história do país.

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