Os sinais da participação de Juiz de Fora no golpe de 1964 ainda estão presentes na cidade, como a placa em homenagem ao dia 31 de março, data da mobilização das tropas de Mourão Filho, e o acervo do oficial guardado na reserva técnica do Museu Mariano Procópio. No entanto, a prefeitura local tem se esforçado para promover uma “virada de página” nessa história conturbada.
O evento Marcha Reversa, organizado pela prefeitura, tem como objetivo celebrar a vida e a luta daqueles que sofreram as consequências do golpe de 1964. A ideia é ressignificar a história da cidade, trazendo à tona as memórias daquele momento e homenageando aqueles que foram perseguidos, presos ou mortos durante a ditadura.
O general Mourão Filho, na época chefe da 4ª Região Militar sediada em Juiz de Fora, foi o responsável por mobilizar suas tropas em direção ao Rio de Janeiro para depor o então presidente João Goulart. O movimento do general antecipou os planos golpistas de militares, políticos e empresários que tramavam a queda do presidente.
Após o sucesso do golpe, Mourão Filho retornou a Juiz de Fora sob uma recepção festiva, desfilando em veículos militares acenando para a população ao lado do governador de Minas Gerais. No entanto, a cidade não possui nenhuma rua em homenagem ao general, ao contrário de outras cidades do país que possuem logradouros com o seu nome.
Atualmente, o Museu Mariano Procópio exibe apenas o cachimbo do general em sua exposição, evitando colocar armas e fardas devido ao momento político delicado. A antiga sede da 4ª Região Militar agora abriga a 4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, autodenominada “Brigada 31 de Março”, em referência ao golpe militar. A prefeita Margarida Salomão, do PT, decidiu promover eventos para lembrar o início do golpe e os anos de ditadura, visando resgatar a memória desse período na história do país.