No entanto, Freire Gomes deixou claro à PF que expôs a inviabilidade de utilizar o referido dispositivo constitucional conforme discutido nas reuniões. A tese de Gandra é a de que os Poderes podem acionar as Forças Armadas em caso de conflito entre eles, porém o jurista nunca defendeu ideias que permitissem qualquer tipo de ruptura institucional.
Em diálogo com o coronel reformado Laercio Vergílio, Gandra também foi citado em conversas sobre um suposto golpe militar para manter Bolsonaro no poder, mesmo após a vitória eleitoral de Lula. Vergílio negou à PF que a ideia fosse dar um golpe, afirmando que tudo deveria ser realizado dentro da lei e da ordem, respaldado nos argumentos jurídicos de Ives Gandra.
Além disso, a PF encontrou uma conversa entre Vergílio e o coronel Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, em que Franco culpava o Alto Comando do Exército por dificultar um possível movimento para impedir a posse de Lula. Vergílio afirmou que não soube de nenhuma iniciativa de Franco para planejar um golpe, mas que este teria tentado convencer Freire Gomes a acatar os argumentos jurídicos de Gandra.
Em resumo, as revelações feitas no depoimento à PF esclarecem os bastidores de discussões envolvendo a possibilidade de desrespeitar o resultado das eleições e a atuação do jurista Ives Gandra Martins como referência jurídica nessas questões. A busca pela constitucionalidade e a manutenção da ordem foram temas centrais desses diálogos que extrapolaram os limites institucionais e políticos do país.