Repórter São Paulo – SP – Brasil

Generais golpistas do passado continuam impunes e influentes, perpetuando a dominação dos Estados Unidos no Brasil

No editorial intitulado “A impunidade dos generais golpistas”, é feita uma reflexão sobre os acontecimentos do golpe de 1964 no Brasil e suas consequências até os dias atuais. Segundo o Le Monde Diplomatique de setembro de 2023, diversas punições e afastamentos ocorreram nos anos seguintes ao golpe, atingindo um grande número de oficiais militares de diferentes patentes. Essas punições eram baseadas na acusação de que esses oficiais eram comunistas, de esquerda, e defendiam uma política nacionalista de desenvolvimento e soberania para o país.

Após o golpe, houve uma reforma nos currículos da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e na Escola Superior de Guerra (ESG), contando com a assessoria dos Estados Unidos. Manuais de instrução utilizados nas instituições castrenses estadunidenses foram copiados e implementados no Brasil. O General Vernon Walter, adido militar na embaixada dos Estados Unidos, era frequentemente visto no Palácio do governo, agindo como assessor do general Castelo Branco, o primeiro dos governantes militares do período de 21 anos que se seguiria.

Na época da Guerra Fria, os Estados Unidos consolidaram sua ocupação militar e econômica da Europa e buscaram recolonizar a América Latina. Diversos golpes de estado e ações desestabilizadoras foram realizados desde o golpe na Guatemala em 1954 até 1970, com o objetivo de impor governos alinhados aos interesses norte-americanos e impedir o desenvolvimento independente dos países sul-americanos.

Com o fim da Guerra Fria, entramos em um novo ciclo marcado pelo neoliberalismo, no qual se impôs um pensamento único sistematizado pelo Consenso de Washington. A hegemonia dos Estados Unidos foi consolidada com base no dólar como arma. A partir da década de 1970, vivemos a ditadura do pensamento único na mídia, nas universidades e nos partidos políticos, ao mesmo tempo em que ocorria uma promiscuidade entre as forças armadas brasileiras e os agentes dos Estados Unidos.

O Tratado Dilma Obama oficializou essa relação, e a Casa Branca mudou sua tática. Ao invés de utilizar os militares diretamente, as próprias instituições do Estado foram cooptadas para a dominação imperial. O sistema de justiça passou a ser utilizado para a perseguição e anulação de qualquer força política contrária aos interesses norte-americanos, em um processo conhecido como lawfare. A mídia desempenha um papel fundamental nesse processo, por meio do combate à corrupção.

No Brasil, presenciamos a desmontagem do Estado, a destruição das grandes empresas de engenharia e a privatização de empresas estatais como a Petrobras e a Vale. Os procuradores Deltan Dallagnol e Sérgio Moro deveriam ser julgados como traidores da pátria, já que estiveram a serviço do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e colaboraram ativamente para minar o poder e as possibilidades de desenvolvimento do país.

A chegada de Jair Bolsonaro ao poder em 2018, por meio de uma fraude eleitoral promovida pela Cambridge Analytica, trouxe consigo uma geração de militares educados pelos golpistas do passado ou pelo legado que eles deixaram. Esses militares compartilham do mesmo espírito da Guerra Fria, vendo qualquer manifestação em busca de desenvolvimento com soberania como comunismo a ser combatido. São os heróis desse poder os algozes do povo, os torturadores sádicos.

Durante seu mandato, os militares não apresentaram nenhum projeto de nação, focando apenas em enriquecer através de esquemas de corrupção. Foram um desastre no combate à pandemia e eficientes na destruição da economia, promovendo a desestatização, desindustrialização, precarização, desemprego e exclusão social. Metade da população, cerca de 100 milhões de pessoas, vivem em condições de marginalização, e 30 milhões sofrem com a fome.

Os militares se apegaram ao poder e planejaram tanto a captura como a permanência no governo. Tentaram impedir a posse do presidente eleito e estavam confiantes na vitória, contando com a ajuda assistencial para comprar votos e utilizando todos os recursos da guerra psicológica e do abuso do poder econômico, caracterizando dessa forma uma fraude eleitoral.

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