Flores evoluem em resposta ao declínio de polinizadores, usando menos néctar e flores menores para se reproduzirem, revela estudo.

Estudo revela que flores estão evoluindo devido à redução das populações de abelhas

A cada primavera, bilhões de flores se reproduzem com a ajuda de abelhas e outros animais. Elas atraem polinizadores para suas flores com cores chamativas e néctar. À medida que os animais viajam de flor em flor, eles levam consigo o pólen, que pode fertilizar as sementes de outras plantas.

No entanto, um estudo recente sugere que os seres humanos estão alterando rapidamente esse ritual anual da primavera. Com o uso de pesticidas tóxicos e a redução dos habitats naturais, as populações de abelhas e outros polinizadores foram drasticamente reduzidas. Como resultado, algumas flores evoluíram para fertilizar suas próprias sementes com mais frequência, em vez das de outras plantas.

Pesquisadores ficaram surpresos com a rapidez das mudanças, que ocorreram em apenas 20 gerações. Pierre-Olivier Cheptou, ecologista evolutivo da Universidade de Montpellier, liderou a pesquisa e destacou que “isso é uma evolução rápida”.

O estudo concentrou-se em uma planta daninha chamada violeta-dos-campos, comuns em campos e beiras de estradas em toda a Europa. A violeta-dos-campos normalmente depende das abelhas-bombus para se reproduzir sexualmente, mas também pode usar seu próprio pólen para fertilizar suas próprias sementes, um processo chamado autofecundação.

Os pesquisadores compararam sementes antigas e novas da violeta-dos-campos e descobriram que a autofecundação aumentou 27% desde a década de 1990. Além disso, as flores encolheram 10% e produziram 20% menos néctar, o que as tornou menos atraentes para as abelhas-bombus.

Essas mudanças podem afetar não apenas as plantas, mas também os polinizadores, já que a redução na produção de néctar pode deixá-los famintos. Além disso, a evolução em direção à autofecundação pode colocar as plantas em risco de extinção a longo prazo, devido às limitações genéticas desse método de reprodução.

Os resultados do estudo foram descritos como “impressionantes, embora desanimadores” por Susan Mazer, botânica da Universidade da Califórnia. Segundo ela, a espiral descendente na qual polinizadores e flores podem estar presos pode ser ainda pior do que sugerido pela pesquisa.

Apesar disso, outros estudos indicam que algumas flores podem responder de maneira oposta ao declínio dos polinizadores. O aumento no tamanho das flores, como observado no estudo das campainhas-da-manhã no sul dos Estados Unidos, pode representar uma estratégia para continuar atraindo abelhas à medida que elas se tornam menos comuns.

Contudo, a evolução das flores devido à redução das populações de abelhas e outros polinizadores representa um desafio significativo para a conservação da biodiversidade e a manutenção dos ecossistemas naturais. A compreensão dessas mudanças e suas consequências a longo prazo é essencial para o desenvolvimento de estratégias de conservação e preservação da natureza.

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