A pandemia da Covid-19 teve um impacto significativo nos procedimentos eletivos, contribuindo para o aumento expressivo na fila de espera por transplantes de córnea em 2020, com um crescimento de 33% em relação ao ano anterior. A escassez de doadores e a necessidade de melhorias na gestão de transplantes também são apontadas como causas desse cenário preocupante.
De 2014 a junho de 2024, um total de 146.534 pacientes realizaram transplantes de córnea, mas a lista de espera continua a crescer. A região sudeste concentra o maior número de pacientes em fila de espera, sendo São Paulo o estado com maior aumento nesse período, seguido pelo Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco, que também apresentaram avanços significativos na demanda por transplantes.
O tempo de espera médio para realização dos transplantes no país é de 194 dias, sendo que alguns estados apresentam esperas de até 19 meses. A capacidade atual de transplantes é insuficiente para atender a crescente demanda, sendo necessária uma ampliação significativa na capacidade anual de transplantes para zerar a fila de espera.
Diante desse cenário, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia destaca a importância de campanhas educativas sobre a doação de órgãos, investimentos em infraestrutura dos bancos de olhos e a necessidade de uma distribuição equitativa dos recursos em todas as regiões do país. Essas questões serão discutidas durante o Congresso Brasileiro de Oftalmologia, que acontece em setembro em Brasília, com o intuito de buscar soluções para enfrentar esse desafio e garantir o acesso de todos os pacientes que necessitam de um transplante de córnea.