O evento foi palco de reflexões sobre a cultura do patriarcado, com filmes que destacaram as dificuldades enfrentadas por mulheres que não se encaixam nos padrões sociais, como “Bird”, dirigido por Andrea Arnold, e “All We Imagine as Light”, de Payal Kapadia. O longa “The Substance”, da francesa Coralie Fargeat, trouxe Demi Moore em um papel complexo, explorando a pressão cultural em torno da aparência e da objetificação do corpo.
Na categoria de diretores, “Anora”, de Sean Baker, abordou a culpabilização das mulheres em relações abusivas, enquanto “Emilia Perez”, de Jacques Audiard, discutiu a transição de gênero como forma de resistência ao patriarcado. O brasileiro Karim Aïnouz também trouxe à tona questões de violência doméstica em “Motel Destino”, mostrando a diversidade de vozes femininas presentes no festival.
A presidente do júri, Greta Gerwig, e a premiação da atriz Meryl Streep com a Palma de Ouro honorária destacam o reconhecimento da importância das mulheres no cinema. O curta “Moi Aussi”, de Judith Godrèche, traduziu para o francês o movimento MeToo, demonstrando o engajamento do festival com questões atuais de gênero e empoderamento feminino.
Apesar das críticas em relação à qualidade dos filmes exibidos, o Festival de Cannes se destaca por proporcionar um espaço para discussões e reflexões importantes sobre as questões de gênero na sociedade contemporânea. A presença de diretoras mulheres e a premiação de figuras importantes do cinema como Meryl Streep sinalizam um caminho de maior representatividade e diversidade na sétima arte.