Famílias indígenas abandonam casas para evitar inundação devido ao fechamento da Barragem Norte em Santa Catarina

Algumas famílias que residem na Terra Indígena Laklãnõ Xokleng, localizada em Santa Catarina, estão deixando suas casas devido ao risco iminente de inundação. Isso ocorre devido ao fechamento das duas comportas da Barragem Norte, no município de José Boiteux, que tem causado o acúmulo de água do rio Itajaí do Norte na região.

A decisão de fechar as comportas foi tomada pelo governo de Santa Catarina visando reduzir o nível do rio Itajaí Açu em Blumenau e minimizar os impactos das enchentes na cidade. Entretanto, esse fechamento vem causando preocupação na Terra Indígena Xokleng, onde há cerca de 3.000 pessoas vivendo atualmente.

Além das cheias, as intensas chuvas que atingem o estado desde o dia 4 têm causado deslizamentos de terra na terra indígena, resultando em barreiras nas estradas que ligam as aldeias.

As famílias que residem nessa região estão deixando suas casas e buscando abrigo em igrejas ou nas residências de familiares. Muitos membros da comunidade indígena ainda se lembram do fechamento das comportas em 2014, quando a comunidade ficou isolada por mais de 20 dias, enfrentando dificuldades para obter água potável e alimentos.

Uma audiência na Justiça Federal foi realizada no domingo, onde o governo estadual se comprometeu a melhorar as estradas das aldeias e construir novas casas para as famílias afetadas. O Ministério Público Federal está acompanhando a situação para garantir os direitos dos povos indígenas.

Outra preocupação levantada é a segurança da estrutura da barragem. Há relatos de que a barragem não recebeu a manutenção adequada nos últimos dez anos, o que aumenta os temores sobre a segurança das comunidades vizinhas.

Além disso, a atuação da Polícia Militar durante o fechamento das comportas está sendo investigada pelo Ministério Público Federal. Dois indígenas foram feridos durante o episódio e foram atendidos em um hospital, mas já foram liberados. O governo classificou o incidente como um “confronto pontual”, enquanto o Conselho Indigenista Missionário descreveu a ação como “covarde e violenta” e criticou o histórico de descumprimento de acordos por parte do governo catarinense.

É importante destacar que a Procuradoria Geral do Estado não se manifestou até o momento sobre o assunto. O governador Jorginho Mello afirmou em suas redes sociais que todas as decisões tomadas são baseadas em consultas a especialistas e técnicos.

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