Famílias de assentamento em São Miguel do Gostoso enfrentam proposta de arrendamento para construção de parque eólico.

No município de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, a comunidade do Projeto de Assentamento (PA) Canto da Ilha de Cima se vê diante de uma difícil decisão: arrendar integralmente os 2.238 hectares do assentamento para a construção de um novo parque eólico, a ser administrado pela empresa Neoenergia.

Há três anos, as famílias receberam uma proposta para arrendar o território, e a situação tem gerado discussões e incertezas entre os moradores. A proposta oferecida pela empresa consiste em um pagamento de R$ 1.200 por ano para cada família durante o período de construção do parque eólico. Além disso, após a conclusão do projeto, as famílias receberiam uma parcela referente à produção energética. No entanto, muitos moradores da comunidade demonstram insatisfação com os valores oferecidos pela empresa.

Em meio a esse cenário, parte dos moradores se encontram divididos em relação à proposta da Neoenergia. Dos 89 núcleos familiares que residem na comunidade, 19 estariam inclinados a aceitar a proposta da empresa. No entanto, há preocupações relacionadas ao impacto da instalação do parque eólico na produção local, uma vez que a comunidade deixaria de produzir mandioca, caju, milho, couve, frango, entre outros cultivos e criações.

Um dos principais pontos de desconfiança por parte dos moradores é a falta de clareza em relação aos valores e à garantia do título definitivo da terra por parte da Neoenergia. Segundo relatos, há incertezas sobre o pagamento proposto pela empresa, que estaria atrelado à produção das torres eólicas, e questionamentos sobre a legitimidade da empresa para garantir o título de propriedade da terra, uma atribuição que compete ao Incra.

A situação vivenciada pela comunidade do PA Canto da Ilha de Cima não é única no estado do Rio Grande do Norte. Agricultores da região têm relatado descontentamento com os valores pagos pelas empresas eólicas, que muitas vezes não condizem com as expectativas criadas. Além disso, muitos trabalhadores rurais afirmam não compreender totalmente os termos dos acordos assinados e alegam que as promessas das empresas não são devidamente cumpridas.

Diante desse contexto, os moradores do assentamento enfrentam um dilema complexo, em que precisam avaliar os impactos econômicos e sociais da instalação do parque eólico em suas terras, responsabilidade compartilhada com as autoridades locais e as empresas envolvidas. A busca por uma solução justa e equitativa para todos os envolvidos é crucial nesse processo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo