Falta de dinheiro leva vendedor a descobrir praia de água doce a 10 minutos de casa no extremo sul de São Paulo.

Na tarde de um domingo ensolarado, dezenas de famílias se reuniram nas margens da represa de Guarapiranga, em São Paulo, em busca de um refresco para o calor. Entre essas famílias estava o vendedor Gustavo Soares, morador do extremo sul da capital paulista, que planejava inicialmente passar o dia em Itanhaém, no litoral sul do estado, mas teve que mudar os planos devido a problemas financeiros. Assim, decidiu desbravar a praia do Sol, a apenas 10 minutos de sua casa, acompanhado de sua esposa, filha, cunhada e sobrinhos.

O cenário na praia do Sol era de animação e descontração, com cadeiras de plástico lotadas, banhistas se refrescando na água da represa e um clima festivo no ar. Porém, o caminho até a água era marcado por vendedores ambulantes, lama e lixo, apesar da qualidade da água ser considerada própria para o banho pela Cetesb.

O local, que faz parte de um parque municipal, oferece opções de lazer como quadras de areia para prática esportiva e até mesmo bares e restaurantes que simulam o clima litorâneo. Esses estabelecimentos, no entanto, têm gerado polêmica entre os frequentadores da região. Enquanto alguns defendem a diversidade de opções e o aquecimento da economia local, outros criticam a “gourmetização” da área e a restrição do acesso livre às margens da represa.

A presença de bares, restaurantes e clubes no entorno da represa é permitida por lei, mas tem gerado um debate sobre a privatização e a fiscalização dos espaços públicos. Enquanto alguns moradores defendem mais investimentos do poder público na região, outros veem com bons olhos a expansão desses estabelecimentos comerciais.

No entanto, a questão do saneamento na região é um ponto de alerta há décadas, com a presença de vegetação flutuante que compromete a qualidade da água da represa. Organizações como a ONG Nossa Guarapiranga alertam para os impactos das ocupações irregulares no entorno, que contribuem para o problema.

Assim, a praia do Sol, que inicialmente era a alternativa de lazer de Gustavo Soares em um dia de folga, revela uma série de questões complexas que envolvem turismo, economia, meio ambiente e uso do espaço público. A diversidade de opiniões e interesses dos frequentadores e moradores da região evidencia a necessidade de um debate amplo e democrático sobre o futuro dessas áreas de lazer em São Paulo.

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