Ex-presidente Bolsonaro elogiou atuação de milicianos no Rio de Janeiro em 2018, mesmo após ataque a ônibus ser classificado como terrorismo.

No Rio de Janeiro, um ataque a ônibus provocado por milícias ganhou destaque recentemente. O ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, que já elogiou a atuação desses grupos, voltou a se referir positivamente a eles durante uma entrevista em 2018. Na ocasião, Bolsonaro afirmou que quem paga para milicianos não enfrenta a violência, mencionando o bairro de Madureira e dizendo que quem paga uma quantia mensal não sofre com arrastões em shoppings.

No entanto, na última segunda-feira (23), um grupo de milicianos realizou o maior ataque a ônibus da história do Rio de Janeiro, resultando na queima de 35 veículos e em um prejuízo estimado de R$ 38 milhões. Esse ataque ocorreu após a morte de um dos líderes da maior milícia do estado, conhecida como Milícia do CL. Diante desses acontecimentos, Bolsonaro classificou a destruição dos ônibus como um ato de terrorismo.

Em suas redes sociais, o ex-presidente comparou a situação atual com seu governo, afirmando que durante seus 4 anos de mandato não houve manifestações do Movimento dos Sem Terra, greves generalizadas e atos de terrorismo como esse. Vale ressaltar que, em 2008, quando ainda era deputado federal, Bolsonaro criticou a CPI das Milícias realizada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, afirmando que alguns policiais militares eram confundidos com milicianos e que eles apenas organizavam a segurança de suas próprias comunidades, sem praticar extorsão.

Uma reportagem da Folha de São Paulo revelou recentemente que as milícias no Rio de Janeiro lucram com o monopólio de serviços, como internet e gás de cozinha, além de exercerem controle sobre a prostituição e extorquir diversos tipos de comércios, desde a venda de gelo nas praias até a de vassouras na zona oeste.

A família Bolsonaro tem histórico de defesa desses grupos e relações próximas com pessoas acusadas de integrá-los. Na época da criação da CPI das Milícias, o senador Flávio Bolsonaro, então deputado estadual, minimizou a gravidade desses grupos, afirmando que os policiais militares eram mal remunerados e precisavam buscar outras fontes de renda. Flávio ainda fez uma homenagem ao ex-capitão da PM Adriano Nóbrega, que foi morto em 2020 e era suspeito de liderar o grupo de matadores de aluguel conhecido como Escritório do Crime, com ligações com as milícias e o jogo do bicho.

Diante desses fatos, é importante refletir sobre a relação entre políticos e grupos criminosos, bem como o impacto dessas relações na segurança e no funcionamento das instituições. As milícias representam uma séria ameaça à sociedade e medidas efetivas devem ser tomadas para combater essas organizações criminosas e garantir a segurança da população.

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