Repórter São Paulo – SP – Brasil

Estupro de mulheres em abrigos evidencia falhas no atendimento a vítimas de desastres no Rio Grande do Sul: urgência na proteção feminina.

Após um ano sem investir na contenção de desastres e afrouxar quase 500 normas ambientais, o Rio Grande do Sul se viu completamente despreparado diante de uma emergência climática de grande porte. Além disso, as terríveis notícias do estupro de mulheres desabrigadas pela catástrofe em centros de acolhimento expõem, mais uma vez, a necessidade urgente de uma abordagem de gênero em situações de crise como essa.

As populações em situação de vulnerabilidade social, que já sofrem com diversas formas de violência, são as mais afetadas pelos desastres climáticos. No entanto, a vulnerabilidade extrema das mulheres e meninas durante esses eventos vem sendo alertada há anos por organizações da sociedade civil e agências da ONU. Diante da crescente crise climática, é crucial garantir a proteção das mulheres e crianças contra abusos e exploração sexual.

Dados da ONU mostram que as mulheres têm 14 vezes mais chances de morrer em catástrofes climáticas do que os homens, e a violência sexual durante esses eventos agrava ainda mais essa vulnerabilidade. O relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) revela como as mudanças climáticas e a degradação ambiental aumentam a violência contra mulheres e meninas, exigindo a prevenção como prioridade para as autoridades locais.

A falta de atenção do poder público às mulheres desprotegidas é inaceitável. O estupro em abrigos, lugares que deveriam oferecer segurança, não pode ser tolerado. Em situações de tragédia, a solidariedade se manifesta, mas também revela brechas para múltiplas violações, incluindo a transfobia, a quebra de sigilo sobre condições de saúde e a segregação forçada de pessoas em situação de vulnerabilidade.

Diante desse cenário, é fundamental que a sociedade como um todo se mobilize em protesto e exija medidas concretas para proteger as mulheres e populações vulneráveis. Além da reconstrução estrutural do estado e da recomposição dos bens materiais perdidos, é imprescindível que se priorize o cuidado e a segurança das mulheres, implementando um plano de contingência eficaz para mitigar os impactos da crise e protegê-las da violência sexual.

Em momentos como este, o Brasil precisa se unir em prol da justiça e da proteção dos direitos humanos, garantindo que nenhuma pessoa seja deixada para trás em meio às consequências devastadoras de uma emergência climática. A atenção e o cuidado com as mulheres e populações vulneráveis devem ser uma prioridade absoluta, refletindo o compromisso com a dignidade e o respeito a todos os cidadãos.

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