Estudo revela que bactérias em criações de frangos comerciais na China compartilham elementos genéticos para resistir a antimicrobianos.

Pesquisa sobre criação de frangos comerciais na China revela a resistência de bactérias a antimicrobianos

Uma pesquisa realizada em criações de frangos comerciais na China descobriu que as espécies de E. coli e salmonela compartilham entre si elementos genéticos, a fim de resistir com mais eficácia a agentes antimicrobianos. A pesquisa foi conduzida em 10 granjas e abatedouros de frangos, onde foram encontradas amostras contendo as bactérias Escherichia coli e Salmonella enterica.

Os pesquisadores coletaram amostras de fezes, carcaças, penas, ração, solo, águas usadas, esfregões anais, cercanias dos abatedouros e água potável das aves e locais das granjas. Ambas as espécies investigadas, que são normalmente presentes na cadeia alimentar tanto animal como humana, são fonte potencial de intoxicação alimentar.

De acordo com Tania Dottorini, coautora do estudo, as amostras de E. coli e S. enterica apresentavam os mesmos elementos genéticos móveis relacionados à resistência antimicrobiana. Isso poderia indicar que esses portadores de resistência antimicrobiana são necessários à sobrevivência das bactérias dentro do hospedeiro e no ambiente.

A especialista em biologia e genética microbiana, Filipa Vale, destacou a importância do estudo, ressaltando que os elementos genéticos móveis do genoma bacteriano desempenham um papel crucial na evolução dos micróbios, com repercussão na resistência a antibióticos.

A resistência a antimicrobianos é um problema global que afeta a saúde pública, com potencial para causar diarreias potencialmente fatais em humanos, sobretudo nos países de renda baixa a média. A OMS calcula que a resistência a antimicrobianos causou um total de 1,27 milhão de mortes em 2019, além de contribuir para 4,95 milhões.

O estudo também revelou que as granjas da China acusaram número bem maior de elementos genéticos móveis em comparação com estabelecimentos europeus análogos. Isso pode ser atribuído às variações no uso de antibióticos e estratégias de intervenção, evidenciando a necessidade de estudos semelhantes em outros países com práticas de emprego de antibióticos similares às da China.

A pesquisa representa um avanço significativo no entendimento da resistência antimicrobiana e reforça a importância de regulamentações rigorosas no uso de antibióticos, especialmente em cenários de criação intensiva de animais, no intuito de mitigar o impacto dessas bactérias na saúde humana e ambiental.

O estudo enfatiza a importância de futuras pesquisas para abordar o comportamento de outras espécies bacterianas em ambientes semelhantes, especialmente em países de renda média-baixa, onde as práticas de criação intensiva estão se tornando mais comuns e a regulamentação do uso de antimicrobianos tende a ser menos rigorosa do que em países desenvolvidos.

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