O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Eduardo Zimmer, destacou que é comum pacientes com Parkinson apresentarem sintomas de constipação, o que despertou o interesse dos pesquisadores na possível relação entre o intestino e o cérebro. Existe um eixo de comunicação direto entre esses dois órgãos que é fundamental para o sistema nervoso.
Para confirmar essa conexão, os cientistas administraram uma proteína associada ao desenvolvimento do Parkinson, chamada alfa-sinucleína, e observaram a presença dessa substância no cérebro dos participantes. Isso sugere que a alfa-sinucleína é capaz de atravessar as barreiras fisiológicas de segurança do cérebro.
Os dados coletados pelos pesquisadores americanos revelaram que danos na mucosa gastrointestinal estavam presentes em aproximadamente um quarto dos participantes, atribuídos a diferentes causas como infecções, uso de medicamentos, tabagismo e constipação. Em um acompanhamento realizado cerca de 15 anos depois, foi observado que aqueles que apresentaram danos na mucosa tinham uma proporção maior de desenvolver Parkinson.
Os especialistas apontam que os danos na mucosa estão relacionados com a disbiose, um desequilíbrio na microbiota intestinal que favorece certas bactérias. Essas bactérias podem produzir substâncias que afetam o cérebro, iniciando o processo de neurodegeneração. Essas descobertas abrem novas possibilidades para o tratamento do Parkinson e outras doenças neurodegenerativas.
Além disso, pesquisadores têm investigado o impacto do estilo de vida na saúde cerebral. Estudos mostraram que mudanças na dieta e na microbiota intestinal podem reduzir o risco de demência e outras doenças neurodegenerativas. Por outro lado, estudos também têm apontado a relação entre a exposição a pesticidas e o desenvolvimento do Parkinson, destacando a importância de entender a complexidade dessas condições e os diversos fatores que podem influenciar seu surgimento e tratamento.